São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Prejuízo no campo é de 21%

BRUNO BLECHER
EDITOR DO AGROFOLHA

Erros na política agrícola, conjuntura desfavorável no mercado internacional e uma safra de bom tamanho devem resultar em prejuízo ao campo nesta colheita.
Principalmente aos pequenos agricultores, não cobertos pelo "guarda-chuva" dos financiamentos em equivalência-produto.
Prova disto é a projeção feita pelo professor Fernando Homem de Melo, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP, que indica redução de R$ 3,6 bilhões na renda agrícola deste ano, em relação a de 1994, por conta da forte queda dos preços agrícolas.
No caso do feijão, explica Homem de Melo, a queda dos preços este ano reflete um ajustamento normal, já que os preços no período analisado (janeiro e feveiro) estavam muito altos no ano passado.
A redução de até R$ 1,4 bilhão na receita da soja este ano, segundo o professor da USP, é consequência da valorização cambial e da queda do preço internacional.
"Os produtores de soja foram prejudicados pela valorização da taxa de câmbio, estimada em cerca de 30% a partir de junho de 1994", diz Homem de Melo.
A explicação para a redução da receita de milho e arroz é o excesso de oferta.
Na avaliação da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra de milho pode chegar a 36,6 milhões de t, marca histórica.
Esta previsão é contestada por alguns analistas, como os da Agência Safras (veja na pág. 10), que aposta em 30,9 milhões de t.
"Mas o fato de os preços terem despencado nos últimos meses é uma indicação de que a estimativa da Conab pode estar correta", diz Homem de Melo.
A Conab prevê consumo de 35,5 milhões de toneladas de milho este ano, o que mostra a existência de excesso de oferta.
O balanço do arroz é mais ajustado. A produção deve alcançar 11 milhões de t, contra um consumo de 11,8 milhões de t, segundo os números da Conab.

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