São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PMDB e PFL divergem sobre reforma tributária

SILVANA QUAGLIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL e o PMDB —os dois maiores partidos da base de apoio político do governo no Congresso— entraram numa disputa para aprovar seus próprios projetos de reforma tributária no Congresso.
O PMDB resolveu apoiar a proposta do deputado Luís Roberto Ponte (RS), que vem sendo discutida desde 1992, a partir do aperfeiçoamento da idéia de substituir todos os impostos por um Imposto Único, cobrado sobre as transações financeiras, como por exemplo, os cheques.
Ponte começou, ontem, a coletar assinaturas de deputados para apresentar seu projeto na forma de emenda à Constituição. É necessário o apoio de 172 deputados para que a emenda possa ser apresentada formalmente.
O PFL preferiu outra estratégia. Pretende participar diretamente na formulação da proposta que o presidente Fernando Henrique Cardoso deve encaminhar ao Congresso nas próximas semanas.
Para isso, o partido conta com dois trunfos: apresentou sua proposta a FHC em dezembro, antes mesmo da posse, e participou da coligação com o PSDB que elegeu Fernando Henrique presidente na eleição do ano passado.
Paralelamente à ação junto ao Executivo, o PFL não esperou a chegada da emenda no Congresso para garantir que o principal papel na articulação da proposta, que será submetida ao crivo dos parlamentares, fique com o partido.
Trata-se da relatoria da emenda à Constituição na comissão especial, que analisará o conteúdo da proposta do governo. O relator deverá ser o deputado Mussa Demes (PFL-PI). Auditor fiscal aposentado, Demes é considerado técnico capacitado e aliado fiel.

As propostas
O governo ainda não conseguiu fechar uma proposta de reforma tributária por falta de entendimento entre os ministérios da Fazenda e do Planejamento. Na Fazenda, o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, trabalha num modelo mais afinado com o PFL.
No projeto que entregou a FHC, o partido propõe, entre outras coisas, que o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), seja fundido com o IPI (que desapareceria), criando-se um Imposto sobre Valor Agregado, que incide sobre cada uma das fases da produção de um bem.
No Planejamento, a proposta do ministro José Serra se centra na nacionalização das regras do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), como a fixação de alíquotas e incidência, que hoje são definidas pelos Estados.
Tanto uma proposta como a outra visam reduzir a carga de impostos sobre as exportações e os investimentos na produção (agrícola e industrial), bem como simplificar o sistema.
Mas nenhuma delas toca num dos principais problemas identificado pelo governo na atual Constituição: a vinculação de receitas, ou seja, a determinação para que determinados impostos e contribuições sejam gastos apenas em algumas áreas, principalmente saúde e educação.

Texto Anterior: Alunos do CPOR são acusados de envolvimento com traficantes
Próximo Texto: Projeto do PMDB reduz impostos a seis
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.