São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995
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EUA são contra protocolo antipoluição

SILVIA BITTENCOURT
ESPECIAL PARA FOLHA, DE BERLIM

Os Estados Unidos declararam ontem em Berlim que são contra a assinatura de um protocolo com metas e compromissos mais precisos, no sentido de reduzir a emissão de gases que colaboram com o efeito estufa.
A afirmação foi feita pela delegação norte-americana presente à Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, aberta ontem.
Já ficou consensual entre as delegações presentes que dali dificilmente sairia um protocolo, o acordo de maior força internacional.
Representantes dos EUA defenderam a chamada "implementação conjunta" —segundo a qual os países industrializados poderiam "compensar" suas emissões através de investimentos na área ambiental no Terceiro Mundo.
Os Estados Unidos são responsáveis por 25% do total das emissões de CO2 em todo o planeta.
Um grupo de países em desenvolvimento, entre os quais o Brasil, aguarda outras propostas no sentido de incluí-lo nos compromissos. Para esses países, esta é a principal questão da conferência.
Até agora, a Convenção do Clima assinada em 1992, no Rio, estabelece metas principalmente para as nações industrializadas.
Mas a Alemanha divulgou recentemente um documento em que cobra maior participação dos países em desenvolvimento na proteção do clima.
O Brasil manifestou-se a favor da proposta de implementação conjunta, desde que esta não prejudique o crescimento das nações do Terceiro Mundo.
O país também defende uma espécie de divisão do ônus de responsabilidade, de acordo com o histórico de cada país nas suas emissões.
A delegação brasileira, no momento com três representantes, será chefiada, a partir da semana que vem, pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Israel Vargas.
Também estão presentes à Conferência centenas ONGs (organizações não-governamentais).
Segundo Rubens Born, coordenador das ONGs brasileiras na Eco-92, "as ONGs batem o pé, até o último dia, para que saia um protocolo".

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