São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995
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Rebelados ameaçam incendiar reféns

ISNAR TELES; MARCELO GODOY
DA FOLHA VALE

e MARCELO GODOY
Os presos rebelados da Penitenciária 1 de Tremembé (135 km a noroeste de São Paulo) ameaçam matar a partir de hoje um refém a cada hora e jogar os corpos para fora do presídio enrolados em colchões incendiados.
O complexo penitenciário de Tremembé abriga 1.700 presos. Cerca de 700 deles estão amotinados. As negociações foram interrompidas no final da tarde.
Os presos, rebelados desde as 13h de domingo e com 37 reféns, exigem o fechamento da Casa de Custódia de Taubaté e seu anexo de segurança máxima, o CRP (Centro de Readaptação Penitenciária).
Os rebelados também exigem a transferência de 12 presos do CRP para outros presídios. A exigência era que a remoção dos presos fosse feita até a meia-noite de ontem.
Entre os presos que deveriam ser removidos está Mizael Aparecido da Silva -líder de uma rebelião na Casa de Custódia de Taubaté no ano passado.
O documento de cinco laudas redigido pelos rebelados foi entregue ontem ao secretário-adjunto da Administração Penitenciária, Antônio Ferreira Pinto.
"As reivindicações são absurdas", disse Ferreira Pinto.
Segundo ele, os presos estão irredutíveis, mas as negociações continuam.
Ferreira Pinto disse também que a PM não invadirá o presídio. Ele disse ainda que os presos estão se comunicando através de rádio.
No documento entregue pelos detentos, eles denunciam os maus-tratos que seriam cometidos por uma suposta patrulha de choque, integrada por funcionários do presídio.
Os detentos dizem que "após a visita de sábado, houve repressão e espancamento". Eles acusam a diretoria do presídio de ser conivente com os espancamentos.
Ontem de manhã, a Polícia Militar enviou helicópteros e atiradores de elite para o presídio.
Ferido
Os rebelados em Tremembé feriram ontem o primeiro refém desde domingo. Foram feitos 37 reféns —12 funcionários do presídio e 25 familiares de presos.
O carcereiro Luiz Antonio Malaman teve o braço cortado por um estilete e teria sido espancado.
A informação foi passada pelo presidente do Sindicato dos Servidores do Complexo Penitenciário do Vale do Paraíba e Litoral Norte, Marcos Roberto Marcon.
Os presos teriam ferido Malaman para fazer pressão.
O funcionário não foi liberado pelos detentos para ser medicado.
Durante a madrugada, dois presos foram retirados de ambulância do presídio. Eles teriam passado mal após se drogarem com remédios.
A rebelião em Tremembé é a 13ª este ano no Estado de São Paulo.

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sobre a rebelião em Tremembé à pág. 3-6

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