São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995
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Mojica propõe uma nova linguagem

CAROLINA CHAGAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Vídeo é deus e o diabo na terra de José Mojica Marins, 64, o Zé do Caixão. No Brasil, há dez anos não aparece uma novidade com o carimbo rústico do diretor paulistano, nascido na Vila Mariana (zona sul de São Paulo).
Já nos EUA, onde é conhecido como Coffin Joe, ele virou o mascote da distribuidora de filmes de terror Something Weird (Algo Estranho). Desde dezembro do ano passado, a empresa já comercializou no mercado norte-americano 16 mil fitas de 11 de seus filmes.
"Ele é um fenômeno", disse Mike Vraney, 33, um dos donos do negócio, à Folha. "Todo mundo que assiste aos seus filmes fica entusiasmado e procura outros títulos."
Com os aproximadamente US$ 100 mil que recebeu até agora da empresa norte-americana, Mojica está produzindo uma série de 20 fitas de vídeo com dicas de artes dramáticas. Os filmes serão distribuídos nas locadoras dos EUA e possivelmente da Espanha. "O que aqui não é considerado comercial, lá tem valor", diz.
"Os americanos encomendaram as fitas para legendá-las e comercializá-las. Eles querem saber como é que eu penso. Lá, minha técnica é nova e eles querem entendê-la", completa.
Entre seus novos projetos está também criar uma nova linguagem para o vídeo. "Acho que o cinema perde muito quando é passado para o vídeo. Sou uma pessoa capaz, segundo Glauber Rocha, de fazer tudo do nada. Ainda pretendo criar uma técnica para manter a qualidade das imagens na telinha."
Experiências é que não faltam no currículo do cineasta. No início de sua carreira, para "ganhar uns trocos", ele colocou balões (onde são escritos os textos dos quadrinhos) em slides e os projetou, criando assim uma técnica mista, mistura de cinema e histórias em quadrinhos, aliás um dos gêneros de "literatura" que mais gosta e que recomenda a seus 23 filhos, de sete casamentos.
É com as "crianças" —o mais velho tem 40 e a mais nova, 14— que assiste aos vídeos em casa. "Como o Zé do Caixão sou uma pessoa romântica. Gosto de boa companhia e me emociono com um bom filme de Chaplin", diz.
Colaborou CELSO FIORAVANTE, da Redação

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