São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995
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Peru e Equador se acusam de violar trégua

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Peru acusou ontem o Equador de invadir seu território e matar um militar peruano, rompendo trégua de fevereiro na guerra não-declarada entre os dois países.
"Efetivos peruanos situados na zona de conflito foram atacados por tropas equatorianas infiltradas com fogo de morteiro e fuzis", diz comunicado emitido pela Sexta Região Militar do Peru.
O incidentes teria ocorrido segunda-feira. Segundo o comunicado do Exército, morreu no ataque o cabo Leonardo Hidalgo Marin. O comunicado não informa o número de baixas equatorianas.
A denúncia peruana de violação da trégua foi comunicada à Missão de Observadores para Equador e Peru a menos de 15 dias das eleições marcadas para 9 de abril no Peru.
A missão de observadores mantém vigilância sobre a região em conflito —uma faixa de 78 km na fronteira entre os dois países, na cordilheira do Condor.
A área ficou sem ser delimitada em protocolo assinado no Rio de Janeiro em 1942. O Peru acusa o Equador de violar o protocolo e querer anexar a região.
Tropas peruanas e equatorianas se enfrentaram na cordilheira do Condor a partir do dia 26 de janeiro, causando a morte de pelo menos 36 peruanos e 11 equatorianos.
Negociações de paz mediadas pelos países avalistas do protocolo (EUA, Argentina, Brasil e Chile) resultaram no armistício assinado em Brasília no dia 17 de fevereiro.
"Esta nova violação de cessar-fogo por parte das forças equatorianas transgride o acordo de paz do Itamaraty, prejudicando o trabalho dos observadores", afirma o comunicado peruano.
Desde a assinatura do armistício, o Peru já anunciou três vezes que o Equador violou o acordo.
A missão de observadores emitiu ontem comunicado confirmando um incidente armado.
O comunicado informa que foram ouvidos "três disparos de arma de fogo indireto, que estouraram a uma distância entre 600 m e 1.200 m ao norte do Posto de Vigilância Número Um (PV1)".
A missão não confirmou a morte do militar peruano, mas solicitou cessar-fogo imediato para evitar sua retirada da região.
Autoridades peruanas afirmaram em Lima que pelo menos 17 pessoas foram mortas pelo grupo guerrilheiro Sendero Luminoso nos últimos quatro dias.

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