São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995 |
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No hay gobierno, soy contra A política abomina o vácuo. O governo Fernando Henrique Cardoso permitiu que se criasse um vazio político ou, ao menos, a sensação de vazio. Consequência inescapável: a foto de Luiz Inácio Lula da Silva e Leonel de Moura Brizola, sorridentes, publicada na primeira página de ontem desta Folha. Cumpriu-se a inexorável lei da política: as duas principais lideranças da oposição emergem do limbo a que haviam sido relegadas pela vitória eleitoral de Fernando Henrique já no primeiro turno. Que isso ocorreria era fatal. Nem a mais brilhante das administrações deixa de ter oposição. Mas que tenha ocorrido mais cedo do que seria lógico esperar é um sintoma do grau de deterioração da imagem do governo em tão pouco tempo. Não se passaram nem mesmo os cem dias que pelo menos os norte-americanos consideram, habitualmente, como período de lua-de-mel disponível para cada novo governante. Há, na volta à tona das duas mais importantes lideranças de oposição, um lado positivo. O papel da oposição é crucial, em qualquer regime democrático, e seria muito ruim se as reformas que o governo pretende fazer não fossem submetidas ao crivo crítico dos que fazem oposição ao Planalto. Não que a oposição não esteja, desde já, examinando as propostas do governo no âmbito parlamentar. Mas o exame ganha evidente visibilidade quando é feito também pelas lideranças mais destacadas. Mas tem também um lado negativo. De novo, como vem sendo uma constante na história recente do país, PT e PDT limitam-se a ser do contra. Não querem as reformas propostas pelo governo, com o que endossam automaticamente um status quo que tanto Lula como Brizola não se cansam de criticar. Falta a esses líderes apresentar suas próprias propostas. Ser apenas do contra é a maneira mais cômoda de fazer política. Difícil, mas decisivo para se julgar a seriedade da oposição, é dizer a favor do que são os dois líderes oposicionistas. É o que eles continuam devendo. Próximo Texto: Números mutantes Índice |
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