São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 1995 |
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Com o tempo
NELSON DE SÁ
O tom de Fernando Henrique, ontem na televisão e no rádio, não mostrava mais nada do populismo raivoso da última semana. O governo pisou no freio. Não quer mais conflitos, não quer passar sobre ninguém. Que o diga o ministro Clóvis Carvalho, que ontem posava ao lado de d. Luciano Mendes de Almeida, no SBT, com um sorriso forçado e amarelo. Foi desculpar-se aos bispos em busca de apoio para a reforma. Buscou ser sedutor e explicativo. É a estratégia. Conseguir apoio, com o tempo. Lula e a refinaria Saboreando a vitória que não foi sua, Lula sorria ao dizer, ontem na televisão e no rádio, que "o governo começou as reformas de forma equivocada". Para o petista, o problema é que "o governo manda, como proposta prioritária, uma mudança no capítulo da Ordem Econômica para entregar empresas estatais importantes para o capital estrangeiro e para os grandes grupos econômicos". Bem de acordo com o seu novo figurino getulista, em que confunde nacionalismo com fisiologia, "Lula participa nesta quinta-feira de um ato político em defesa da instalação da refinaria de petróleo em Pernambuco", segundo a CBN. Lula, ao lado de Miguel Arraes, de Leonel Brizola. Atrás da polícia Nas estatísticas de ontem, o Aqui Agora foi às ruas quatro vezes atrás da Polícia Civil, três vezes atrás da Polícia Militar, uma vez atrás da Guarda Metropolitana. "Ponto para a polícia" foi um dos elogios. Com tudo isso, ainda perde. A Record, por exemplo, anunciava ontem com orgulho, em manchete: "Um repórter do Jornal da Record conseguiu entrar no presídio e acompanhar a nervosa negociação para libertar os reféns ameaçados de morte pelos bandidos." Audiência santa "Irmãos Coragem" foi tomada ontem por longa procissão católica, na Globo. Semanas atrás foi a vez de "Pupilas do Senhor Reitor", no SBT. As duas novelas estão carregadas de padres e mulheres rezadeiras como protagonistas. Deus e a religião, como ensinou a Record, dá audiência. Texto Anterior: Atraso nas reformas não afeta mínimo Próximo Texto: Congresso rejeita criação de Abin por MP Índice |
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