São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 1995 |
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Ossos de brasileiros foram usados nos EUA
DENISE MADUEÑO
Os ossos utilizados eram de esqueletos com idades que variavam de bebês de 14 dias a adultos de 48 anos. O documento registra o sexo, a idade e o dia em que morreu a pessoa. Isso demonstra que a identidade do brasileiro não era desconhecida. Médicos brasileiros e funcionários dos ministérios da Agricultura e da Saúde teriam participado do esquema secreto, denominado "Operação Sunshine" (Brilho do Sol), de forma clandestina. Algumas brasileiros teriam participado voluntariamente e outros teriam sido enganados. As amostras foram recolhidas em diversos países da América Latina e África. No relatório de abril de 1956, a comissão se refere a uma excelente cooperação dos médicos nas 26 localidades onde foram recolhidos 1.300 ossos humanos. As experiências eram feitas para medir a radiação do 50 bombas atômicas explodidas pelos americanos nas décadas de 40 e 50. Os testes feitos com os ossos procuravam identificar os índices de estrôncio 90, um material considerado altamente radioativo. Os documentos da operação foram obtidos pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), através de requerimento encaminhado ao ministério das Relações Exteriores, que obteve os dados do governo americano. "Há registro da idade e data da morte dos brasileiros. Pode-se supor que as pessoas eram definidas", disse Gabeira. "Presumo que os ossos podem ter sido retirados de cemitérios. Não há licença dos familiares para isso, portanto, com relação ao Brasil foi um crime". O governo americano solicitou a não divulgação de parte dos documentos por envolver experiências com americanos que ainda estão vivos. O deputado vai doar os relatórios que recebeu à Biblioteca Nacional. Segundo ele, não há como identificar os médicos e funcionários que teriam contribuído com o programa clandestino americano. (Denise Madueño) Texto Anterior: Covas diz ter encontrado 4 mil fantasmas Próximo Texto: Assembléias se reúnem e pedem mais poderes Índice |
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