São Paulo, sábado, 1 de abril de 1995
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Escola vira abrigo e fica sem sala de aula

1.500 alunos não começaram ano letivo

DA REPORTAGEM LOCAL

A escola municipal Conde Eduardo Matarazzo em Rio Pequeno (zona oeste de São Paulo) ainda não iniciou as aulas em 95. O prédio foi transformado em abrigo para 300 pessoas que perderam suas casas nas enchentes de fevereiro.
As salas de aula estão sendo divididas por seis famílias. Os desabrigados se revezam nos oito chuveiros instalados no colégio: sete para as mulheres e um para os homens. Também foram colocados dois tanques para lavagem de roupa e louça.
Os moradores reclamam que têm que enfrentar filas e acordar de madrugada para poder usar a água.
A dona de casa Sandra Regina Conte, 24, disse que seu filho de três anos já ficou quatro vezes doente nos dois meses em que ela está na escola. "Aqui é muito ruim para as crianças mas eu não quero voltar para a favela", afirmou.
Reinaldo de Marco Freitas e Silva, 60, chefe de gabinete da secretaria de Educação disse que tentou várias vezes conseguir a transferência dos desabrigados junto à Secretaria da Habitação.
"Isso é desgastante para nós. As mães têm que pressionar porque não aguentamos mais essa situação", afirmou.
A superintendente de habitação popular da Secretaria de Habitação, Maria Tereza Silveira, afirmou que não há como apressar a retirada dos desabrigados do local.
Para sair do abrigo, os moradores precisam procurar um barraco que não esteja localizado em área de risco.
Um técnico vistoria o local e, se não houver problemas, a secretaria libera R$ 1.700 para a compra da habitação. "Há um ritmo a seguir. Estamos fazendo o possível", afirma Silveira.
O eletricista desempregado José Ednaldo Gabriel da Silva, 23, disse que encontrou um barraco para morar há um mês. "A prefeitura não libera o dinheiro. Vou à secretaria e à regional quase todo dia, mas não consigo falar com ninguém."

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