São Paulo, sábado, 1 de abril de 1995
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Malan diz que 95 será um "ano difícil"

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que 1995 será "um ano difícil não só para o Brasil mas para outros países, principalmente vizinhos nossos". Ele disse que o Brasil deve terminar o ano com pequeno superávit comercial.
Falando a uma platéia de exportadores e importadores na sede da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), no centro do Rio, Malan pediu "sinceras desculpas" aos que foram prejudicados pelas medidas de contenção das importações.
"Lamento os problemas que possa causar a setores específicos, mas o mais importante é o país em seu conjunto. Não permitiremos ter déficit comercial (mais importações do que exportações) em 1995, nem um excessivo déficit em conta corrente (entrada e saída do país de dinheiro do comércio e de serviços)", disse Malan.
Na luta para ter saldo comercial positivo, Malan prometeu aos exportadores que a regulamentação da isenção de impostos (IPI e Cofins) seria regulamentada "em questão de dias".
Sobre as mudanças dos percentuais dos impostos de importação de automóveis e eletrodomésticos, Malan disse que "a decisão deve ser vista de maneira emergencial, temporária, que abrange cem de 9.000 produtos e afeta a demanda (procura por produtos) de uma categoria especial de consumidores".
Mesmo afirmando que os membros "da chamada equipe econômica" nunca defenderam déficit comercial, Malan disse que "o mundo mudou desde dezembro (quando ocorreu a crise do México) e não permite mais déficit comercial como o da situação mexicana."
Para o ministro, "é importante que o Brasil dê mensagem clara a esse respeito". Para ele, com "a instabilidade dos mercados emergentes com a crise do México, se dá peso grande na evolução comercial e conta corrente de um país como o Brasil".
Malan afirmou que as medidas de restrição às importações não significam "um retrocesso, uma ruptura na estratégia do governo. A estratégia é irreversível, veio para ficar, mas precisamos sinalizar para o mundo que certas coisas não acontecerão", disse.
O ministro disse estar surpreso com a reação às medidas, pois, segundo ele, desde a implantação do Plano Real, em julho, o governo toma medidas ora incentivando, ora contendo o consumo.
Ele disse ainda não poder antecipar "se e quando" o governo tomará novas medidas anticonsumo. "Primeiro o governo toma as medidas, depois as explica", disse Malan, para quem já faz muito em dizer "as coisas que olhamos" ao tomar estas decisões. "Não existe motivo para tanta excitação".

Mercosul
O ministro disse que os produtos dos países do Mercosul não serão atingidos pela elevação de impostos. Porém, disse que o Brasil vai passar a exigir certificado de origem dos carros destes países.
O motivo é evitar que um carro europeu, por exemplo, entre na Argentina e depois seja vendido ao Brasil como sendo argentino -fugindo assim da alíquota de 70%.

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