São Paulo, sábado, 1 de abril de 1995
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Indústria promete não aumentar preços

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Fabricantes brasileiros de eletroeletrônicos prometem não aumentar preços. O consumo está desacelerando, dizem eles. Isso impossibilita qualquer reajuste.
"Nossos preços continuam inalterados", afirma Freddy Mastrocinque, diretor-superintendente da Multibras, que reúne as marcas Brastemp, Consul e Semer.
Segundo ele, as medidas do governo para conter o consumo tiveram efeito. Antes, diz ele, a empresa levava dez dias para vender o equivalente a um mês de produção. Hoje, demora 15 dias.
Na sua análise, a procura e a oferta de eletrodomésticos já estão equilibrados. "Pode faltar um ou outro produto em uma ou outra loja. É normal."
Roberto Macedo, presidente da Eletros, que reúne a indústria eletroeletrônica, divulgou ontem uma nota ressaltando que o setor não pode usar a subida do imposto de importação de bens duráveis como pretexto para aumentar preço.
"A estabilidade de preços é indispensável para manter o Plano Real", diz Macedo. As empresas, para manter ou ganhar market share, terão que absorver aumentos de preços, afirma.
Para a indústria eletroeletrônica nacional, diz Macedo, o aumento do imposto de importação funciona como "proteção", mas, ao mesmo tempo, exige responsabilidade.
"Se o empresário subir preço, o governo pode a qualquer momento adotar medidas para conter as altas. Sabemos que o aumento das alíquotas é temporário."

Diferenças
Nahid Chicani, vice-presidente da General Electric do Brasil, de origem norte-americana, lembra que as diferenças de preços entre os produtos importados e nacionais voltarão a ser grandes.
Por isso, diz ele, só a classe A é que, provavelmente, terá acesso aos artigos estrangeiros, "como no passado. A falta de regras estáveis do governo é preocupante."
Para outra empresa de origem estrangeira, a Electrolux, com sede na Suíça, o aumento do imposto de importação caiu como uma bomba.
"Somos multinacional. Importamos e exportamos. Qual a empresa que vai querer só importar do Brasil?", afirma Daniel Serrano, diretor comercial.
Quem também não gostou do aumento do imposto de importação foi a Philips, de origem holandesa, que no Brasil também é dona da Walita.
A empresa informa que vai manter os planos para exibir cinco importados na UD, Feira de Utilidades Domésticas. Mas ainda não definiu se o lançamento dos produtos será adiado ou cancelado.
Os importados participam com 15% a 20% do faturamento das duas empresas. Eles complementam as linhas mais sofisticadas e mais populares.
Para a Electrolux, os importados chegam a representar 30% do faturamento -estimado, no início do ano, em US$ 40 milhões para 1995.
"Esta era a expectativa de receita antes do aumento do imposto de importação", diz Serrano. Deve cair para US$ 28 milhões

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