São Paulo, sábado, 1 de abril de 1995 |
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Festival termina em desfile em Salvador
LUIZ ANTÔNIO RYFF
Depois de 3h de espetáculo, todos os integrantes da noite improvisaram uma jam session enquanto o público aplaudia de pé. Um a um os participantes foram subindo ao palco para tocarem juntos. Milton chamou Gilberto Gil. Depois foi a vez de Shobha e seu grupo. Marcos Suzano subiu com alguns integrantes de bateria do Olodum, seguido pelos garotos do Drumin 2 Deep e pela baterista Terri Lyne Carrington. Outros músicos que não tocaram no show de encerramento também acabaram participando da festa: a norte-americana Layne Redmond (sem seu pandeiro), os uruguaios do La Calenda, e Sérgio Otanazetra (sem a privada do primeiro dia de festival). Puxados por Gilberto Gil, Neguinho do Samba e Naná Vasconcelos, os músicos foram descendo do palco e se juntando ao público. A multidão acabou saindo do teatro e indo para o meio da rua, dando início a uma procissão sonora que durou meia hora. A improvisação só terminou em frente ao hotel onde os artistas estavam hospedados, à 1h da madrugada. Vídeo Com o teatro lotado, a última noite do festival começou com um vídeo do grupo do senegalês Doudou N'Diaye Rose, que era uma das principais atrações do evento e que acabou não vindo. Segundo a produção, Doudou e os 20 percussionistas da banda ficaram detidos na Espanha por não terem visto para aquele país. Depois do vídeo foi a vez de Naná surgir com seu berimbau e começar o show. A indiana Shobha Gurtu e seu grupo entoaram canções românticas do Radjistão. E mostraram danças do norte da Índia. Improvisaram um duelo de pergunta e resposta entre a tabla (espécie de tambor) e os guizos amarrados nos pés da dançarina. Foi uma apresentação longa. Cada artista tinha 30 minutos para se apresentar. Shobha estourou o tempo em outros 30 minutos. Brasileiros Os brasileiros foram responsáveis pelos shows mais curtos. Nem chegaram ao tempo determinado. Gilberto Gil fez algumas improvisações e tocou "Chiclete Com Banana" com Marcos Suzano no pandeiro, Naná na cuíca, Neguinho do Samba no tamborim e com o público cantando. Com violão e boné, Milton tocou "Raça" com Naná e Robertinho Silva tocando um djembé bongô (espécie de tambor). Usando os pratos, a baterista Carrington tocou jazz com o trombonista Robin Eubanks. Mas como na noite de abertura, os garotos norte-americanos do Drumin 2 Deep ganharam a platéia que, em alguns momentos, ficava impaciente com algumas apresentações mais longas. Enquanto espancavam meia dúzia de indefesos baldes de plástico, a platéia levantou e aplaudiu de pé. Nessa hora, pelo menos, o saguão do teatro esvaziou. Foi a uma prévia da animação que tomou conta do final do espetáculo. Ameaça Mas o evento está em uma encruzilhada. A sobrevivência do Percpan está ameaçada. A organizadora do festival, Beth Cayres, acredita que, no próximo ano, ou o Percpan se expande ou se extingue. Ela acha difícil manter o evento com seu caráter alternativo, sem grandes nomes que chamem mais público. "É inviável fazer uma terceira edição nessas condições", afirma. O maior problema é levantar a verba para a produção. Esse ano foram consumidos US$ 350 mil, bancados pelo governo da Bahia. A idéia de Beth é levar o festival para outras cidades. O mais provável é uma edição em São Paulo. Mas seu sonho é dividir o Percpan entre Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York. Texto Anterior: Cantor malaio mistura raízes e tecnologia Próximo Texto: Evento terá pigmeus em 1996 Índice |
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