São Paulo, segunda-feira, 3 de abril de 1995
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Cupins 'infernizam' vida de paulistanos

DA REPORTAGEM LOCAL

O veterinário Marcel Benedetti, 32, levou um susto ao voltar do trabalho há duas semanas: parte do teto de sua casa no Ipiranga (zona sul) tinha caído.
No chão, milhares de cupins andavam sobre os escombros. "Nem desconfiava que havia esses insetos em casa."
Assim como Benedetti, que precisou se mudar para a casa de parentes, muita gente está sofrendo com os cupins em São Paulo.
Não há estatísticas, mas os especialistas dizem que os cupins encontram em São Paulo o ambiente ideal para se reproduzir.
"É grande a disponibilidade de alimento (madeira) e o clima é adequado", afirma o biólogo Flávio Carlos Geraldo, ex-presidente da Associação Brasileira de Preservadores de Madeira.
O biólogo George Antonio Silva, da Tecnoservice, empresa especializada em matar esses insetos, estima que o número deles venha crescendo por volta de 6% ao ano na cidade de São Paulo.

Restos de madeiras
Um dos principais motivos para o número excessivo de cupins nas grandes cidades é o fato de os edifícios serem construídos sobre terrenos "sujos", com muitos restos de madeiras.
O problema piora porque as madeiras usadas nas construções raramente recebem tratamento químico para combater os cupins.
"Tudo isso contribui para a reprodução desses insetos", afirma a bióloga Eliana Cancello, do Museu de Zoologia da USP.

Combate
Há centenas de espécies de cupins proliferando no Brasil, mas apenas duas provocam estragos nos centros urbanos. A mais comum e voraz é o cupim-de-solo (Coptotermes havilandi).
Apesar do nome, ele faz seu ninho em qualquer lugar. Pode ser em terrenos baldios, em cima de árvores ou no topo dos prédios.
A partir dos ninhos, cava longos túneis para atingir os lugares onde haja madeira ou papel, seus alimentos prediletos. Nessa busca, supera qualquer obstáculo.
Ele pode perfurar concreto, plástico ou ferro. Muitas vezes aproveita os tubos do sistema elétrico das construções.
O cupim-de-solo é o responsável, por exemplo, pela queda do teto da casa de Benedetti. Também atacou o forro do plenário da Câmara dos Vereadores de São Paulo, que precisou ser interditado há poucas semanas.
A espécie costuma se infiltrar em prédios inteiros. "Os cupins atingiram vários andares do nosso edifício", afirmou Ana Maria Audi, 48, moradora de um prédio no bairro dos Campos Elíseos (região central de São Paulo).
A outra espécie urbana é o cupim-de-madeira-seca (Cryptotermes brevis). É um pouco mais "comportado" e menos comum do que o cupim-de-solo, mas faz muitos estragos.
Ele faz seus ninhos no interior de objetos de madeira, que podem ser móveis, molduras de quadros ou batentes de janelas.

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