São Paulo, segunda-feira, 3 de abril de 1995 |
Próximo Texto |
Índice
Latasa lucra com alumínio reciclado
FERNANDO PAULINO NETO
No início do programa, ainda não havia quantidade suficiente de latas para tornar a reciclagem economicamente viável, mas no ano passado foram reaproveitadas 1,06 bilhão de latas, o que corresponde a 17 mil toneladas ou 56,2% da produção nacional. A Latasa tem estudos mostrando que com 15 mil toneladas de material reciclado o processo começa a ser viável. Por isso, a empresa resolveu fazer uma fábrica em Pindamonhangaba (140 quilômetros a nordeste de São Paulo), exclusivamente para reciclagem, próxima à fábrica da Alcan, que fornece chapas de alumínio para a Latasa. A fábrica será inaugurada em março de 1996 e ao longo de um ano poderá estar reciclando cerca de 20 mil toneladas de alumínio. A Latasa utilizou, em 1994, 42 mil toneladas de alumínio, segundo o diretor de reciclagem da empresa, José Roberto Giosa. O executivo diz que além da proximidade com a Alcan, a Latasa está instalando uma fábrica moderna, que diminui muito o desperdício na fabricação. Hoje, de cada quatro latas enviadas para reciclagem, uma é desperdiçada no processo industrial. Giosa acredita que estas perdas passarão a ser mínimas. Além do que volta para a Latasa através do programa de reciclagem, a empresa vai utilizar em sua fábrica de Pindamonhangaba a sucata da fabricação das latas, o que aumenta o volume a ser reciclado. O projeto de reciclagem da Latasa começou há quatro anos em três supermercados do Rio. Hoje são 243 lojas no Rio, São Paulo e Minas. Além disso, a Latasa tem o projeto escola, onde há uma tabela de troca de latas por produtos. Um microcomputador 486 (o mais avançado), com teclado e monitor com tela em preto e branco, custa 70 mil latas. Uma impressora para computador custa 28 mil latas. Já há mais de 2.000 escolas inscritas no programa. Catadores A Latasa também incluiu os catadores de lixo no programa. Eles entregam latas nos postos da empresa e recebem R$ 0,012 por unidade, o que dá R$ 0,72 por quilo de latas. Do início do ano até agora, os catadores já entregaram 65 toneladas de latas. "O pessoal aqui paga na hora e não rouba no peso (a contagem é por latas)", diz o catador Carlos Souza do Amaral, 30, que frequenta o ponto de coleta na praia de Copacabana (zona sul). William Gomes de Oliveira, 26, trocou um rendimento médio de R$ 600 por mês catando latas por um de R$ 310 (incluídos ajuda para almoço e café da manhã), com carteira assinada, para receber as latas que os catadores entregam. Ele diz que prefere o dinheiro "certo", com carteira assinada, do que o duvidoso catando lata: "Catador de latinhas é considerado mendigo", diz. Mas Oliveira ainda cata latas para complementar o orçamento às sextas-feiras, seu dia de folga. Ele diz que antes do programa, vendia para "um ferro-velho no Humaitá (zona sul), mas o dinheiro não valia o esforço". Próximo Texto: Alunos trocam latas por microcomputadores Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |