São Paulo, segunda-feira, 3 de abril de 1995
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Calouros da rede pública vivem 1ª greve

DA REPORTAGEM LOCAL

Os alunos que mudaram este ano -ou no fim de 94- da rede particular para a pública enfrentam sua primeira greve.
A maioria trocou de escola porque os pais não conseguiam pagar os colégios particulares. A primeira paralisação da vida escolar da maioria desses estudantes entra em sua segunda semana.
Quem estuda a mais tempo na rede pública já está habituado às paralisações. Afinal, nos últimos dez anos os alunos ficaram 328 dias sem aulas.
Novo na escola pública, Renato Meirelles, 17, diz não gostar de greve, mas afirma apoiar os professores. Ele mudou em 94 do Equipe para a EEPSG Caetano de Campos.
"Ninguém faz greve porque é vagabundo, mas porque ganha mal. O único jeito das aulas voltarem logo é os alunos apoiarem os professores."
Sua mãe, a psicóloga Márcia Helena de Oliveira, 41, apóia seu engajamento. "Acho que ele tem que participar. Por outro lado, lastimo que não esteja tendo aulas. Ele precisa se preparar para o vestibular."
Yumi Iwatami, 14, aluna do 1º ano colegial, é outra estreante em greves. Ela mudou este ano do Lumen Vitae para a EESG Brasílio Machado.
"É meio confuso. A gente nunca sabe se vai ter aula". Como a greve em sua escola não é total -segundo a direção, 80% dos professores aderiram- ela vai à ao Brasílio todos os dias.
Marcos Roberto Martins, 15, mudou este ano do Augusto Laranja para o EESG Padre Manuel de Paiva.
"No meu colégio isso nunca tinha acontecido. É ruim porque a matéria já estava fraca mesmo com aula". Ele está estudando em casa (leia texto abaixo).
Ele diz que considera a reivindicação dos professores justa. "Mas como aluno sou contra. Preferia ter aula."
Alessandra Farelli Thomaz, 17, mudou para a escola pública em 90 e lembra de quatro greves.
Ela estuda no ESG Albino César no período da manhã e desta vez está tendo aulas. Segundo ela, apenas dois professores aderiram ao movimento.
Cláudio Degani, 19, sempre estudou na EEPSG Frei Paulo Luig e lembra de cinco paralisações. "A partir do ginásio teve uma por ano."

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