São Paulo, quarta-feira, 5 de abril de 1995
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Impasse com os militares atrasa cortes

MÔNICA IZAGUIRRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma disputa entre o Ministério do Planejamento e os ministérios militares está atrasando a implementação do corte de R$ 9,5 bilhões pretendido pela equipe econômica no Orçamento da União para 1995.
O Planejamento, chefiado pelo ministro José Serra, insiste em cortar dos militares cerca de R$ 1 bilhão em custeios e investimentos, o que não é aceito por nenhuma das três Forças Armadas.
As negociações chegaram a um impasse na última sexta-feira, durante reunião entre representantes dos ministérios e o secretário de Orçamento Federal, Waldemar Giomi.
A reunião, ocorrida na sede da SOF (Secretaria de Orçamento Federal, subordinada ao Planejamento) frustou os técnicos militares.
Diante da ordem do presidente Fernando Henrique Cardoso para que fossem ouvidos por Serra, eles esperavam uma postura mais flexível da SOF, o que acabou não acontecendo.
Saíram do encontro com a mesma proposta de corte que já tinha levado os ministros militares a se queixar para FHC.
A queixa chegou até FHC na última reunião ministerial, dia 24 de março. Sabendo das intenções de Serra de fazer um corte de quase 50% em seus investimentos e custeios, os ministros não esperaram a abertura formal de negociações.
Aproveitaram o encontro da Granja do Torto para tentar manter seus orçamentos.
A abordagem a FHC rendeu uma reclamação do presidente junto ao ministro do Planejamento. Por ordem do presidente, Serra teve que se reunir com os militares na segunda-feira dia 27, no Palácio do Planalto, quando acertaram então a reunião da última sexta-feira, na SOF.
Os militares acham que a participação exigida deles no total do corte é muito grande se relacionada à participação deles no orçamento. Além disso, a lei aprovada, já teria sido resultado de um enorme esforço de contenção.
"Já estamos numa situação limite. Novos cortes poderão resultar no desaparelhamento acelerado do acervo existente e na inoperância do sistema", afirma o capitão de Mar e Guerra, Wellington Liberati, responsável pela comunicação social do Ministério da Marinha.
A implementação dos cortes será feita através de um decreto de programação financeira estabelecendo limites trimestrais de gastos para os últimos três trimestres do ano.
Enquanto o decreto não sai, o Tesouro Nacional não pode liberar recursos além do limite estabelecido para o primeiro trimestre, praticamente já esgotado.

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