São Paulo, quarta-feira, 5 de abril de 1995
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Nos trilhos do desenvolvimento

MASSIMO GIAVINA-BIANCHI

Em recente visita à Fiesp, com a presença de diretores do Simefre (Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários), a ministra Dorothéa Werneck reafirmou a disposição do governo de investir nos projetos de infra-estrutura, que estão entre as estratégias de desenvolvimento do país.
Os meios de transporte foram citados como uma das prioridades de um modelo econômico ancorado na reformulação de um Estado compactado nas suas funções essenciais. Disse a ministra que esses projetos significam um conjunto de ações que se identificaram com a campanha do candidato Fernando Henrique Cardoso. Se o governo tem dado provas de enfrentar o desafio do controle inflacionário, está na hora de atacar a crise do setor de transportes, elo de ligação entre produção e consumo.
A ausência de investimentos públicos vem levando empresas fabricantes de material e equipamentos ferroviários a uma situação de estagnação irremediável e de perda de conquistas tecnológicas.
Reflexo direto do espírito perdulário de ministros e políticos, o Metrô de São Paulo, estacionado nos seus 44 km de linhas, depende, para expandir, da boa vontade políticos. Louva-se a disposição do governador Mário Covas para tocar as obras de expansão das linhas Norte-Sul e Oratório-Vila Madalena, o que amenizaria a crise da indústria de materiais e equipamentos metro-ferroviários. Mas as operações de crédito necessárias a essa reestruturação encontram resistências no BNDES.
Se o Brasil mudou de verdade, cabe agora ao governo, mais diretamente ao ministro do Planejamento, a responsabilidade do repasse de verbas para obras de infra-estrutura e retirar o Estado das atividades de onde a sua presença é onerosa. O Brasil empata com a África tropical em índices de desperdício da safra agrícola. Da colheita ao transporte e armazenamento, cerca de 30% da produção vai para o lixo! Em meio a tamanha aberração, não menos preocupante é a situação do abandono do transporte ferroviário. O governo não investe há décadas na construção e manutenção de linhas. Aí o erro se paga com insucessos, que são repassados para a sociedade.
A rede ferroviária, que deveria ser a espinha dorsal do transporte do país, permanece relegada ao descaso e restrita aos 30 mil km de linhas, sendo 7.000 km em São Paulo. Quando muito, se investe na reforma de composições já sucateadas. Da iniciativa privada não faltou disposição, nestes anos todos, para o fortalecimento da indústria dos transportes no Brasil.
Se não há desenvolvimento sem capitais, então a solução para evitar o colapso dos transportes passa pelo programa de privatizações que, em governos anteriores, oxidou-se nas gavetas do BNDES. O Congresso Nacional, que jamais faltou ao Brasil, sabe que os custos dos transportes são um fator estratégico para a consolidação de um mercado comum do Brasil com seus parceiros do Mercosul.

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