São Paulo, quarta-feira, 5 de abril de 1995 |
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Parker pode voltar a ser produzida no país
NELSON BLECHER
A instalação de uma linha de montagem faz parte de um ambicioso plano estratégico da nova proprietária. Tradicional marca presente no mercado brasileiro há mais de 70 anos, a Parker teve sua fábrica fechada em outubro de 1991. Desde então, somente canetas importadas da marca vêm sendo comercializadas no país. A Parker mundial foi incorporada, em maio de 1993, pelo grupo norte-americano Gillette. A subsidiária, sediada no Rio de Janeiro, assumiu esta semana a exclusividade das operações de importação e distribuição no Brasil, que estavam sob controle de uma representante, a Folio Market, do empresário paulista Bernardo Giacometti. Com o objetivo declarado de dobrar as vendas nos próximos três anos e retomar a liderança do setor, a Gillette investirá US$ 1 milhão em campanhas publicitárias de mídia impressa e promoções. A companhia também pretende revitalizar a imagem marca com novos lançamentos, além de oferecer aos consumidores garantia vitalícia contra defeitos de fabricação e aperfeiçar o sistema de atendimento pós-venda. Segundo Giacometti, a Parker chegou a deter 74% de participação do mercado brasileiro em 1988. A participação média de 60% nos anos 80 declinou para atuais 20%, segundo a Gillette. O plano da Gillette deve surtir efeito a curto prazo. As previsões dos executivos são de que as vendas deverão atingir 750 mil unidades no prazo de um ano, o que terá representado acima de 30% do mercado de canetas de preço superior a US$ 8,50. As vendas da marca movimentaram cifra superior a US$ 10 milhões em 1994, segundo estima Giacometti. Ele afirma que o fechamento da fábrica que funcionava no Brooklin, bairro paulistano da zona sul, foi motivado pela intensa concorrência de modelos estrangeiros. A Gillette já produz duas marcas nas categorias popular (Paper Mate) e sofisticada (Waterman). Com a Parker, cobrirá também o segmento de canetas esferográficas e tinteiro de preço médio (de US$ 8,50 a US$ 50). Três linhas continuarão a ser comercializadas: Sonnet, Insignia, Duofold (entre US$ 50 e US$ 11 mil). Concorrência da Pelikan A ofensiva da Gillette enfrentará também a concorrência dos modelos da Pelikan, além de outra marca famosa, a Montblanc. A Folio Market, que já vinha comercializando itens de escritório da Pelikan, uma marca suíça, passará a importar também canetas. "A Gillette abriu mão da cláusula de um contrato que há quatro anos impedia a Folio de comercializar canetas dessa marca", disse Giacometti. "Vamos trazer ao país canetas de US$ 50 a US$ 500", acrescentou. Segundo Giacometti, as negociações com a Gillette se estenderam por seis meses e foram fechadas com um "acordo amigável." Pelo acordo firmado, a Folio Market cedeu à Gillette o cadastro com 2.500 pontos de venda, material de merchandising e suas equipes de vendas. "Não há concorrente com tantos canais de vendas", diz Giacometti. A Parker, também de origem norte-americana, foi alavancada por US$ 90 milhões pelos seus executivos em 1984. Nove anos depois, eles venderam as operações internacionais para a Gillette, por US$ 470 milhões. A companhia opera fábricas localizadas nos EUA, França e Inglaterra e responde por 15% das vendas mundiais. Texto Anterior: Banco Central adota medida anticonsumo Próximo Texto: Arida nega restrição a consórcio Índice |
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