São Paulo, quarta-feira, 5 de abril de 1995
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Guerrilheiros matam 26 em ataque contra cidade filipina

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 26 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas ontem num ataque de guerrilheiros separatistas muçulmanos a uma cidade no sul das Filipinas.
Cerca de 200 rebeldes atacaram a cidade de Ipil, Província de Zamboanga do Sul, na ilha de Mindanao. Segundo testemunhas, eles chegaram simultaneamente por terra e em lanchas.
Em Manila, a capital filipina (cerca de 780 km ao norte), o comandante do Exército, general Arturo Enrile, disse que os guerrilheiros pertencem a uma ala dissidente da FMLN (Frente Moro de Libertação Nacional).
O grupo tenta há dezenas de anos separar Mindanao do arquipélago filipino, situado no Sudeste Asiático e de maioria católica, mas recentemente tem negociado com o governo.
Testemunhas disseram que os guerrilheiros atiraram em todas as pessoas que encontraram nas ruas. Eles saquearam quatro bancos e provocaram incêndios no centro da cidade de 150 mil habitantes.
"Todo o centro comercial estava em chamas. Nada ficou de pé. Era um inferno", relatou a professora Bertha Babiera, 47, cuja filha foi ferida com um tiro no abdome.
Entre os primeiros alvos dos rebeldes estavam a delegacia de polícia e o quartel do Exército. O chefe da polícia e o comandante da guarnição militar foram mortos.
Segundo testemunhas, os guerrilheiros percorreram as ruas do centro atirando em pessoas e estabelecimentos comerciais.
"Eles simplesmente dispararam contra os bancos. Atiraram em qualquer um que pudessem ver", disse o condutor de riquixá Basil Kahal, 24, ao ser atendido no hospital de Zamboanga, a capital da Província, a 100 km de Ipil.
"Eles atiraram até mesmo em gente que estava deitada no chão", relatou Danilo Butigan, 18, funcionário de um armazém. Em uma agência do banco Allied, sete funcionários foram mortos.
Depois de algumas horas, os rebeldes atearam fogo a vários prédios do centro -aparentemente para dar cobertura à sua própria fuga. Policiais disseram mais tarde que três bombeiros foram feridos a tiros ao combater as chamas.
O presidente filipino, Fidel Ramos, ordenou o envio de tropas para a região em aviões, com ordem de "atirar para matar". Oficiais disseram temer que os guerrilheiros tenham colocado armadilhas e preparado emboscadas na estrada que liga Ipil a Zamboanga.
Embora o general Enrile tenha atribuído o ataque a uma ala dissidente da FMLN, um oficial da polícia em Mindanao disse que a própria FMLN é o único grupo guerrilheiro filipino com acesso a armas como as usadas pelos atacantes -fuzis automáticos, lançadores de granadas e bazucas antitanque norte-americanas B-40.
Outros oficiais acusaram a guerrilha muçulmana Abu Sayyaf, responsabilizada nos últimos meses por sequestros e assassinatos.
Jornalistas filipinos relacionaram o ataque à prisão, sábado passado, em Manila, de seis muçulmanos acusados de envolvimento no atentado a bomba que deixou 6 mortos no World Trade Center de Nova York em fevereiro de 1993.
O ministro da Defesa, Renato de Villa, disse que é cedo demais para fazer essa afirmação.

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