São Paulo, quinta-feira, 6 de abril de 1995
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Curadoria proíbe alunos de pagar salário de professor

ADELSON BARBOSA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA

A Curadoria da Infância e da Juventude de João Pessoa (PB) determinou a suspensão do pagamento pelos alunos dos salários de dois professores da escola estadual de 1.º e 2.º graus Pedro Augusto Porto Caminha.
Os salários de fevereiro e março dos professores Edson Lima (matemática) e Dinart Moreira Santos (física) foram pagos pelos estudantes.
Com a decisão da curadoria, os professores deixaram a escola. Há duas semanas, os estudantes estão sem aulas nas duas disciplinas.
Os estudantes da 8.ª série do 1.º grau contribuíram com R$ 1,00. No segundo grau, os estudantes do 1.º ano também doaram R$ 1,00 e os do 3º ano, R$ 2,00.
A curadora Maria de Lourdes Leite disse que foi à escola e determinou a proibição da coleta de dinheiro após receber denúncia de um estudante que não concordou com o pagamento.
"Isso não pode acontecer. O ensino é público e gratuito, conforme estabelece a Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente", afirmou a curadora.
O diretor da escola, Rui Soares de Alencar, 45, disse que apoiou a decisão dos alunos e mandou carta aos pais comunicando a cobrança.
Segundo Alencar, os dois professores foram contratados pela Secretaria de Educação em caráter emergencial no ano passado para dar aulas até dezembro.
Com o fim do contrato, os estudantes ficariam sem aulas nas duas disciplinas e não concluiriam o ano letivo de 1994, prorrogado até junho devido a uma reforma no prédio da escola.
Segundo o diretor, a decisão dos estudantes foi espontânea, e ninguém foi obrigado a contribuir.
Foram arrecadados R$ 62,00. O professor Edson Lima recebeu R$ 40,00. Para Dinart Santos, foram destinados R$ 22,00, que ele não chegou a receber por causa da decisão da curadoria. O dinheiro foi devolvido para os alunos.
Pelo contrato assinado com a Secretaria de Educação, os dois professores receberam no ano passado R$ 100,00 por mês.
Os professores da rede estadual ganham em média R$ 65,00. Com gratificações, o salário bruto de um professor com 15 anos de magistério chega a R$ 180,00.
"Arrecadamos dinheiro para gratificar os professores e agora estamos prejudicados", declarou Edna Maria Ferreira Gomes, 20, representante do 3.º ano do segundo grau.

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