São Paulo, quinta-feira, 6 de abril de 1995
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Inglês toma conta das quadras

EDGARD ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Time brasileiro jogando no Brasil e trabalhando sob ordens pronunciadas na língua inglesa. Esse é o basquete nacional.
O detalhe da língua se expande nas quadras. E tem explicação: as oito equipes classificadas contam com reforços dos EUA, o celeiro do basquete mundial.
No caso da Guaru, de Guarulhos, o técnico Marcel de Souza, 38, optou pelo inglês por julgar que facilita a comunicação.
"Tenho oito jogadores que falam inglês. Por isso, fica mais fácil o entrosamento com o Erik Wilson e com o Brent Merritt", declarou Marcel.
Paradoxalmente, o técnico do Palmeiras, o norte-americano Bob Misevicius, 39, estreante na profissão como Marcel, se vale do português no seu trabalho, lógico que um pouco truncado.
"Todos entendem o meu português. Estou há oito anos no Brasil e antes estive seis anos na Argentina", afirmou Misevicius.
Quando julga necessário, Misevicius recorre ao inglês para orientar seus compatriotas, o pivô Cliff Morgan e o ala-armador Ernest Patterson.
"Tenho um relacionamento amistoso com os jogadores e procuro manter um diálogo aberto com todos", disse Misevicius.
O treinador palmeirense faz questão de destacar que seu objetivo é incentivar os jogadores na melhora das qualidades individuais de cada um, sem perder de vista a evolução do conjunto.
Misevicius, ex-pivô, substituiu o técnico José Edvar Simões no comando do Palmeiras.
Jogou na equipe do Providence College, nos EUA, onde estudava história; atuou na Bélgica e na Argentina. No Brasil, foi campeão brasileiro e sul-americano pelo Monte Líbano e defendeu ainda o Palmeiras, Pirelli/Santo André e Internacional/Santos.
Os técnicos Hélio Rubens (Sabesp), Carlão (Dharma) e Cláudio Mortari (Cesp) também orientam os estrangeiros em inglês, embora o português seja a língua corrente no trabalho.
Rolando, pivô do Guaru, apóia o técnico Marcel no uso do inglês. Explicou que expressões específicas, criadas nos EUA, podem ajudar na velocidade de compreensão de uma ordem.
"Um exemplo: 'pick and roll'. Você já sabe que o pivô deve fazer um corta-luz (bloqueio do adversário com o corpo para que o atacante com a bola se movimente livremente), a seguir, vai girar o corpo em torno do adversário para receber a bola", falou.
Ernest Patterson, do Palmeiras, está no Brasil há sete anos e já entende bem o português.
"No início, foi um pouco complicado. Às vezes, o técnico precisava falar comigo em inglês", afirmou. (EA)

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