São Paulo, sexta-feira, 7 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Salinas é acusado de financiar zapatistas

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

Deputados federais do PRI (Partido Revolucionário Institucional, no poder) de Chiapas acusaram o ex-presidente Carlos Salinas, seu irmão Raúl Salinas e o senador priista Hugo Andrés Araujo de terem financiado a guerrilha zapatista do sul do país.
Segundo Walter León, chefe da bancada chiapaneca, eles teriam "iniciado e financiado" o movimento, enviando recursos para a compra de armamentos.
O EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional) iniciou sua revolta armada em 1º de janeiro de 1994 em Chiapas, Estado mais pobre do país.
O deputado afirmou que um ex-delegado da Secretaria de Desenvolvimento Social de Chiapas era o canal entre o grupo salinista e o movimento zapatista, na época em que Salinas esteve no poder.
"Os recursos chegavam camuflados, como se estivessem destinados a um dos vários projetos do Pronasol (Programa Nacional Social) na região", disse.
Acusou também o bispo de Chiapas, Samuel Ruiz, como cúmplice das relações entre o grupo salinista e os zapatistas.
"Ruiz sempre soube de onde vinha o dinheiro e onde eram compradas as armas", disse.
O bispo preside a Conai (Comissão Nacional de Intermediação) -responsável pelas negociações entre governo e EZLN.
Segundo León, os irmãos Salinas foram ativistas há 24 anos na região dos Altos de Chiapas, atual sede do EZLN.
"Depois passaram a enviar recursos para a guerrilha através de uma organização camponesa liderada pelo atual senador Hugo Andrés Araujo", disse León.
Os oito deputados priistas encaminharam ao presidente Ernesto Zedillo uma carta pedindo o confisco dos bens de Salinas e investigação de todo o seu gabinete.
Em viagem a Dallas (EUA), Zedillo pediu que o EZLN atenda à iniciativa do governo de saída pacífica para a questão de Chiapas.
Zedillo quer que seja respeitado o prazo imposto pela "Lei Chiapas" -10 de abril- para o início das negociações diretas.
"Caso isso não aconteça, o Congresso decidirá qual a melhor providência a ser tomada", disse.
"Estou confiante no estabelecimento de um contato que permita dar continuidade à lei", afirmou.
Zedillo participa da convenção anual da Sociedade Norte-Americana de Editores de Jornais.

Texto Anterior: Gases de porcos obrigam avião a voltar a aeroporto
Próximo Texto: Cardeal de Viena renuncia a cargo; Partido Conservador perde na Escócia; Polícia alemã ataca encontro neonazista; Xiitas assumem ataques no Líbano; Libertados turistas italianos na Etiópia; Relatório denuncia tráfico na Ásia; Cabelo de rei vai a leilão em Londres
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.