São Paulo, sexta-feira, 7 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Além de palavras

Além de palavras
Ao reiterar seu compromisso com as privatizações, o governo sinaliza que caminhará no sentido de ajustar as contas públicas. São animadoras as declarações do ministro do Planejamento, José Serra, de que até dezembro serão privatizadas 17 empresas. É de se esperar que o Executivo não fique, como em outros casos, só nas intenções.
Como as empresas em questão já constavam do programa de desestatização, as declarações do ministro têm um significado principalmente político. Elas indicam que o lento andamento do programa pode finalmente ser acelerado. Espera-se que chegue ao fim o lamentável compasso de espera mantido desde o governo Itamar.
Se concretizada, a prometida venda da Escelsa e da Light este ano dará início, já tardiamente, às desestatizações no setor elétrico do país. Os leilões do Banco Meridional e do Credireal poderão ser, do mesmo modo, as primeiras privatizações do setor financeiro estatal.
Essas e outras vendas de empresas controladas pelo Estado dariam um impulso adicional ao restante da agenda de reformas. Uma firme atuação do governo federal nas privatizações pode servir de exemplo para vários Estados e alguns grandes municípios que têm de equacionar as dívidas acumuladas e conter novos processos de endividamento. A necessária reengenharia do setor público não pode prescindir de uma redução da atual quantidade de empresas estatais.
Hoje, ademais, tornou-se especialmente urgente obter o equilíbrio fiscal e eliminar possíveis fontes de déficit orçamentário. Com a reversão do cenário internacional e a fuga de capitais, o programa econômico perdeu um de seus sustentáculos. Trata-se de tentar resgatar a credibilidade parcialmente perdida.
As adversidades externas permitem supor que o governo procurará atuar de modo mais firme nos ajustes internos. Sem contar tanto com as importações para frear a alta dos preços, é preciso assentar em novas bases a incipiente estabilização da economia. A determinação e a capacidade do governo de fazê-lo, porém, continuam desconhecidas.

Texto Anterior: Esmagadora
Próximo Texto: A prisão de Canhedo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.