São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Somem 10% das importações em Guarulhos

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Importadores e promotores de feiras internacionais estão perdendo até 10% das mercadorias que trazem para o Brasil por causa de problemas de armazenagem de cargas em São Paulo.
Várias companhias estão entrando na Justiça para responsabilizar a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária), estatal que recebe e armazena cargas no país, pelos prejuízos.
Funcionários da Infraero também são acusados de corrupção.
A TTI, empresa que traz 70% dos produtos expostos nas 120 feiras (como a UD, de utilidades domésticas) que acontecem por ano no Brasil, teve prejuízo de US$ 70 mil só em março devido a estes problemas.
"Nem na África a situação é tão caótica", diz Ronaldo Almeida, diretor da TTI. "Muitas cargas são achadas só depois das feiras".
Encontrar uma carga nos depósitos da Infraero no aeroporto de Guarulhos pode demandar o dia todo. E muitas vezes, segundo a Folha constatou no local, a carga não é encontrada ou está avariada.
Em uma área sem proteção contra chuva em Guarulhos, havia na quinta-feira várias caixas de peças para a General Motors, de computadores Compaq e de tecidos abertas e úmidas. Parte do material apodrecia.
Importadores que naquele dia procuravam cargas em Guarulhos dizem que é preciso subornar funcionários da Infraero, pois as guias da empresa raramente levam aos locais onde as cargas realmente estão.
Esta semana, a TTI enviou fax a clientes no exterior pedindo que usem embalagens com cores berrantes para facilitar a localização.
A empresa está usando 12 funcionários -inclusive diretores- exclusivamente para procurar mercadorias no aeroporto.
Na quinta-feira, um importador que preferiu não se identificar, reclamava que sua carga (seis caixas de material de segurança avaliadas em R$ 20 mil) havia sumido novamente depois de ter sido encontrada por um funcionário que recebeu suborno para ajudá-lo.
O importador comprimia-se com vários outros para obter informações em uma central que funciona precariamente dentro do galpão da Infraero.
Não há organização de filas e os funcionários frequentemente não tem informações sobre cargas já atracadas (sob responsabilidade da Infraero).
Os importadores reclamam também que as cargas só estão ficando disponíveis na Infraero quase 30 dias depois de chegar ao Brasil.
A TTI não encontrou ainda caixas enviadas no início de março pela empresa argentina Ultracomb, que pretendia expor na UD -iniciada anteontem.
Enquanto não acham as cargas, as empresas são obrigadas a pagar 1,5% do valor das mercadorias por cada 15 dias de armazenagem.

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