São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Nova regra ameaça pequenos bancos

ALBERTO FERNANDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo menos 12 bancos privados podem ser obrigados a fechar suas portas ou reduzir em muito sua atuação, possivelmente se transformando em simples corretoras, em função das novas regras para o sistema financeiro que passam a vigorar a partir do final deste mês.
As dificuldades atingirão provavelmente cinco bancos de pequenos Estados, incluindo dois que estão hoje em regime de administração especial, espécie de intervenção branda do governo federal.
As novas regras do sistema financeiro foram adotadas em função de um acordo internacional -o tratado assinado em Basiléia, na Suíça- que tem como objetivo reduzir o limite de risco para as instituições bancárias.
O problema maior é que pelas normas de Basiléia os bancos brasileiros terão de ter de patrimônio líquido (capital próprio dos bancos, sem contar o que eles tomam no mercado para emprestar), no mínimo, R$ 7,9 milhões.
Esse valor é para instituições de atuação restrita (que só têm, por exemplo, serviço de crédito), aumentando de acordo com o número de serviços de cada banco.
É esse valor de patrimônio líquido que muitos bancos não estão conseguindo cumprir. Eles pediram prazo maior para ajuste às novas exigências, mas o BC (Banco Central), presidido por Pérsio Arida, respondeu na sexta, em carta a cada banco, que será cumprida a data prevista -30 de abril.
Um levantamento do BC, com base em informações de fevereiro, revela que muitos bancos não cumprem as regras previstas no acordo da Basiléia -e mais especificamente essa do patrimônio.
A maior parte destes bancos, no entanto, está com patrimônio pouco abaixo do exigido ou precisa apenas de uma manipulação contábil para se adequar às regras.
Apenas 35 bancos estão muito abaixo do exigido, ou seja, precisam de R$ 2 milhões ou mais. Mas o BC dará prazo até o final do ano para os ajustes necessários.
Nesse tempo, muitos desses bancos, pertencentes a grupos empresariais poderosos, têm condições de fazer uma transferência de recursos para os ajustes necessários. Sobram 12 bancos que serão provavelmente vitimados pelo tratado da Basiléia.
No caso dos estaduais a questão é mais complicada pois envolve o relacionamentos políticos.

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