São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Vai mal o fim de noite na TV

SÉRGIO DÁVILA
DA REVISTA DA FOLHA

Segunda-feira, 3 de abril de 1995, 22h. Um rápido zapping pelas emissoras anuncia as opções deste fim de noite na televisão brasileira.
Os atores Dolph Lundgren e Brandon Lee lutam contra a Yakuza (e a sétima arte), no filme "Massacre no Bairro Japonês", na Globo.
E Hebe Camargo e o ator Cláudio Cavalcanti lutam contra a inteligência ("a vida é linda, a vida não é linda?", diz ela) em "Hebe", no SBT.
Mais tarde um pouco, um pastor discute a polícia militar. Com o deputado Conte "Matar ou Morrer" Lopes (que defende) e um sociólogo (que ataca), no "25ª Hora" (toc, toc, toc), na Record.
E o jornalista Paulo Markun discute a polícia militar. Com rappers (que atacam) e capitães (que defendem), em "Fogo Cruzado", na CNT.
Vai mal o fim de noite na televisão?
Ao menos uma vez, sejamos retrô (em que pesem TVs a cabo e interativas, inovações tecnológicas e "conquistas do homem").
Zapping histórico, apontado respectivamente para 20 anos e 15 anos atrás.
Noite de 3 de abril de 1975. A Revolução dos Cravos estende seus efeitos em Portugal, o regime militar come solto no Brasil e o deputado Gioia Jr. (Arena-SP) pede "o fim da violência na TV".
A Cultura exibe, em seu teleteatro, a peça "A Carta", de Somerset Maugham. Com Nydia Licia dirigida por Antônio Abujamra.
Chega quase ao fim a genial trama de "O Rebu", na Globo. Com Ziembinski e Marília Pêra, em texto de Bráulio Pedroso (a novela inovava não por esconder quem matou, mas por não revelar quem morreu; tudo isso na duração de uma festa).
Noite de 3 de abril de 1980. Reagan concorre às eleições presidenciais nos EUA e os metalúrgicos continuam em greve no ABC.
Os filmes que a TV exibe no fim da noite vão de "Yojimbo", de Akira Kurosawa, a "Meu Nome é Coogan", de Don Siegel.
Na Globo, um ainda criativo Chico Anysio apresenta seu programa.
Amaury Júnior, outro filósofo da tela, faz coro em seu "Flash". O deputado federal Celso Russomano faz amigas e influencia pessoas no seu "Circuito Night and Day".
Isso para não falar dos religiosos.
Vai mal o fim de noite na televisão.

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