São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995 |
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O travo amargo da vitória que não veio
ALBERTO HELENA JR.
Mas faltava ao São Paulo igual força pela esquerda, onde Murilo, um central destro, mal tomava conta de defender seu lado, quanto mais atacar. Logo, o Santos ajustou sua marcação por ali e foi dominando a bola e os espaços, até chegar ao empate, que já vinha tarde, aproveitando-se também da expulsão de Mona. O tricolor não só resistiu como ameaçou até o final, em contragolpes perigosos. Resumindo: foi um jogo eletrizante, que deixou nas duas torcidas o travo amargo da vitória que não veio. Foi um gol belíssimo. E de tão difícil execução que até Rivelino, autor de tantos gols antológicos, agora travestido de comentarista da Bandeirantes, admitiu que ele jamais teria feito aquilo. O atacante Marcelo cobrou a falta, de fora da área, com o pé direito. A bola chocou-se com o travessão e voltou para o mesmo Marcelo desferir, de canhota, um fatal voleio no canto contrário ao do goleiro Ronaldo. Precisão, auto-confiança, versatilidade e pontaria, tudo isso combinado na dosagem exata para fazer desse gol uma jóia do futebol. Só que não valeu. Isto é: não deveria ter sido validado, pois a bola, ao não roçar em nenhum outro jogador, foi tocada duas vezes pelo cobrador Marcelo, o que é condenado pela lei do jogo. Trave, cachorro, gato, juiz e bandeira são pontos mortos num campo de futebol. Mas, vivo, o juiz Cerdeira, que, por sinal, havia deixado de assinalar um pênalti claro de Silvinho, no começo do jogo de sábado, entre Corinthians e Rio Branco, embora estivesse a dois passos do lance, saiu de campo dizendo que a bola tocou num jogador, quando voltava da trave. O teipe é claro: não tocou, nem na ida, nem na volta. Se tiver um pingo de vergonha na cara, o juiz Cerdeira deverá assumir seu erro na súmula, único elemento de prova para a eventualidade da impugnação do jogo, que terminou empatado em 2 a 2. Mais uma vez, no sábado, Rivaldo esteve no centro da emocionante virada palestrina sobre o XV de Piracicaba. O XV saiu na frente, e o Palmeiras correu durante todo o tempo atrás da reversão do placar. Na ponta do lápis, deveria sair de campo com uma goleada consagradora, tantas foram as chances criadas e interceptadas pelo goleiro Anselmo ou as traves ou o destino. Ganhou pela contagem clássica, com dois gols de Rivaldo e uma pintura de Paulo Isidoro. Mais que isso: comprovou que está na hora de Zagallo rever seus critérios de convocação, pelo qual Rivaldo não tem chance. Mesmo porque o único critério válido para convocação é o estado técnico, físico e emocional do jogador na hora do chamamento. Futebol é momento. E Zagallo sabe muito bem disso. Texto Anterior: Bentinho faz seu nono gol Próximo Texto: Santos empata com ajuda da arbitragem Índice |
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