São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995 |
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Partidos? Que partidos? Marcelo Beraba MARCELO BERABA
O resumo da ópera é a ária a que assistimos na última semana. O governo sofreu derrotas importantes no Congresso permitidas pelas traições e incompetências em suas alas. E o oxigênio que obteve veio da radicalização da ação da oposição em Recife. A crise do governo já estava diagnosticada. Há uma incompreensível incapacidade de gerir as vantagens de que dispõe. Ele não consegue demonstrar que tem um cardápio com prioridades e uma estratégia de ação. Mesmo que tenha, não os expõe com clareza. Para o país, parece perdido. Um sintoma típico desta perda de rumo são os discursos do presidente, cada vez menos substanciosos, cada vez mais adjetivados, genéricos e emocionais. As alianças construídas por FHC foram suficientes para paralisar a oposição parlamentar que, se imaginava, seria exercida pelo PT, PDT e pelo PMDB quercista. Mas não para dar apoio às ações governamentais. A frente ruralista, que infligiu ao governo a maior derrota da semana, tem suas raízes nos partidos que o apóiam. Assim como as maiores resistências, no Congresso, às reformas encaminhadas vêm dos partidos da situação. PT e PDT não teriam cacife -e não têm, até este momento, energia nem coesão- para incomodar o governo como ele vem sendo incomodado no Congresso. Mesmo as manifestações de rua contra as reformas fogem do controle destes partidos. Quem dá as cartas hoje não é o governo, nem a oposição parlamentar formal, nem o movimento sindical. Mas os partidos das corporações. Como a frente ruralista e os "partidos" dos funcionários públicos, dos empregados das estatais e dos interesses regionais. Estes formam, de fato, os verdadeiros partidos nacionais. Próximo Texto: Síndrome de larva Índice |
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