São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 1995
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Santos acusa Aníbal de fazer 'intrigas'

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Na maior crise entre lideranças do governo, o líder de Fernando Henrique na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), acusou ontem o líder do PSDB na mesma Casa, José Aníbal (SP), de tramar uma "intriga infame" contra ele.
Santos ficou contrariado com a acusação de Aníbal de que, na última quarta-feira, fora "omisso" ao deixar o plenário na hora da votação do veto sobre dívidas agrícolas. O governo foi derrotado.
No momento da votação, segundo Santos, ele estava com FHC, tratando da reforma previdenciária. "Quem tinha que estar em plenário era ele e o Germano Rigotto (PMDB-RS, líder do governo no Congresso)", disse.
"Eu sou um só. Não sou dois", afirmou. Santos responsabiliza Aníbal pela retirada do pedido de suspensão da votação do veto. Se isso não tivesse ocorrido, o governo não teria sido derrotado.
A queda do veto a empréstimos agrícolas, que poderá causar um rombo nos cofres públicos de até R$ 10 bilhões, causou uma crise sem precedentes entre as principais lideranças do governo.
"O governo perdeu porque faltaram votos de sua base e os líderes do governo (Santos e Rigotto) simplesmente desapareceram na hora da votação", declarou Aníbal no último sábado.
"Isso é uma tentativa de transferir responsabilidade", respondeu Santos. "Ele (Aníbal) quer me transformar em bode expiatório. Mas isso é coisa da cabeça dele. Se houve falha, foi dele", disse.
Para Santos, acusações como as de Aníbal geram um "bate-boca inútil, desagradável e deprimente" para o governo. "Isso choca a opinião pública".
O líder de FHC na Câmara tinha outros motivos para ficar contrariado. Para políticos do PSDB, o pouco empenho de Santos na defesa de propostas do governo seria uma forma de pressão para obter cargos.
Uma dessas reivindicações seria a permanência de Waldemar Costa Neves, aliado de Santos, na presidência da Telesp (Telecomunicações de São Paulo). O governador paulista Mário Covas quer o cargo para seu amigo Sampaio Dória.
Santos nega esse tipo de pressão. Segundo ele, o atual presidente da Telesp já decidiu sair da empresa: "Não existe corpo mole. Eles (tucanos) precisam parar de fabricar coisas que não existem".

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