São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 1995
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Hortolândia tem quarta rebelião do ano

SARA SILVA
DA FOLHA SUDESTE

Os presos da Penitenciária 1 de Hortolândia se rebelaram ontem, colocaram fogo em alas da cadeia e fizeram 11 reféns, todos agentes penitenciários.
Esta é a quarta rebelião no Complexo Penitenciário de Hortolândia no ano (leia texto abaixo).
Segundo a PM, há 790 presos na cadeia conhecida como P1. Segundo o procurador do Estado presente na negociação com os presos, Noadir Marques da Silva Jr., 29, são 703 presos. A Penitenciária 1 tem capacidade para 578 detentos.
Por volta das 23h os presos libertaram o agente Ivo Ananias, que teria passado mal.
O secretário-adjunto da Administração Penitenciária, Antônio Ferreira Pinto, estava comandando as negociações juntamente com Lorival Gomes, diretor da Coespe e o juiz-corregedor Édson Kinashi. Ele deixou o local às 23h30, e confirmou que eram 11 os reféns. Além disto, ele disse que os presos pedem apenas a revisão de 30 processos penais, e que as negociações continuariam às 9h00 de hoje. Ferreira Pinto negou que a rebelião seja liderada por Macalé e Santista, envolvidos na de Tremembé.
Logo depois da saída do secretário, por volta das 23h45, os presos passaram a atear fogo no pavilhão onde funciona uma oficina onde os detentos fabricam bolas de futebol. Os presos também carregaram para o pátio tudo o que pudessem incendiar, e atearam fogo também neste local.
A PM cercou a cadeia com 120 homens de batalhões de choque especializados em revoltas. Antes da rebelião, às 4h de ontem, um preso havia conseguido fugir e outros quatro haviam sido recapturados após pularem um alambrado de segurança da P1.
Segundo a PM, eles serraram as grades do vitrô da cela 319, onde estavam presos, saíram para o pátio e pularam o alambrado de aproximadamente 5 m de altura.
O preso Marco Aurélio Marques foi o único que fugiu. Os demais foram recapturados. O motim começou entre as 13h e 13h30, quando os presos colocaram fogo nas oficinas de trabalho, refeitórios e em colchões. As labaredas atingiram até 10 m de altura. Os presos estavam armados com estiletes e pedaços de ferro. Não há registro de feridos, segundo a PM. Às 16h30, um preso se rendeu aos policiais. Após 20 minutos, outro detento também se entregou a agentes penitenciários.

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