São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Zapatistas e governo acertam diálogo

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

O governo mexicano e o EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional) acertaram domingo as condições para a realização do diálogo de paz entre ambas as partes.
São nove pontos, dos quais se destacam o mútuo compromisso de não-agressão e a criação de mecanismos para que em nenhum caso haja rompimento do diálogo.
Reiterou-se também a suspensão das ordens de prisão contra líderes zapatistas e o acordo que impõe a ambos o uso de uma linguagem "que contribua para manter um ambiente de confiança".
O encontro se realizou na comunidade de San Miguel, em Chiapas (sul do país). Foi o primeiro diálogo entre EZLN e governo desde fevereiro de 1994.
Os zapatistas promoveram um levante armado em 1º de janeiro do ano passado, exigindo melhores condições para os índios que habitam Chiapas, o Estado mais pobre do país. Após 12 dias de combates e um saldo de 145 mortos, acertou-se um cessar-fogo.
A situação permaneceu estável até que, em fevereiro deste ano, o governo decidiu retomar as comunidades que estavam sob controle do EZLN e ordenou uma invasão do Exército à região.
Nas últimas semanas, as duas partes trocaram cartas para estabelecer o encontro de domingo.
O governo foi representado por três membros do Ministério da Administração e pelo ex-embaixador em El Salvador, Gustavo Ireguas, que tem experiência em negociações com guerrilheiros.
Pelo EZLN compareceram sete integrantes do Comitê Clandestino Revolucionário Indígena. Eles estavam encapuzados e eram liderados por um guerrilheiro identificado apenas como "Tacho".
A cabana onde os negociadores se reuniram foi cercada por 200 jornalistas e 400 moradores de Sam Miguel que fizeram um "cinturão da paz" em torno do local.
Na avaliação do governo, o encontro foi "alentador" pois estabeleceu uma base firme para o início das negociações.
A próxima reunião será dia 20 em Larrainzár, também em Chiapas.
As negociações em Chiapas são uma vitória para o governo. A guerrilha propôs que o diálogo se realizasse na Cidade do México.

Texto Anterior: PERUANAS
Próximo Texto: Igreja argentina admite omissões na ditadura
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.