São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 1995
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PT não quer parlamentares integrando 'esquerda light'

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A direção do PT desautorizou a participação de deputados de sua bancada no fórum que parlamentares da chamada "esquerda light" (disposta a negociar com o governo) estão articulando para a apresentação de propostas alternativas às do governo na reforma constitucional.
"Não há nenhuma perspectiva de o PT fazer um bloco com posições como a do senador Roberto Freire (PPS-PE), que é pela flexibilização dos monopólios", disse Gilberto Carvalho, secretário-geral do PT e membro do grupo de "centro" (moderado) do partido.
Ele se refere ao desejo do governo de acabar com a exclusividade que tem o governo de explorar setores como petróleo e comunicações, seja através de empresas estatais, seja através de empresas privadas que recebem concessão (direito de exploração).
Freire foi o anfitrião, anteontem, em Brasília, de um encontro com parlamentares de PPS, PT, PMDB e PSDB. Participaram das discussões os petistas José Genoino (SP), Eduardo Jorge (SP) e Paulo Delgado (MG).
"Não admitimos que o Genoino atribua à oposição postura que não é dela", afirmou Carvalho.
O dirigente referia-se ao raciocínio de Genoino para justificar sua presença na reunião. Segundo o deputado, busca-se uma reforma que não seja aquela que o governo propõe, mas que também "não se limite ao não da oposição".
Para o secretário do PT, seu partido vai apresentar propostas na reforma constitucional.
"O Genoino está realizando a articulação em nome próprio e só espero que ele respeite a posição da bancada e prevaleça a posição coletiva", declarou Carvalho.
Genoino reafirmou sua crítica à atuação do PT na discussão da reforma. "O partido não tem nenhuma emenda na Ordem Econômica e parece não ter proposta para o país", acha Genoino.
O deputado paulista, que, na disputa interna do partido situa-se na "direita" petista (grupo considerado mais conservador e próximo do governo), afirmou que vai cumprir a decisão da legenda nas votações da reforma. "Mas eles não podem me proibir de me reunir com pessoas com que tenho afinidade", disse Genoino.
Não existe na porção hegemônica (que lidera) a cúpula do PT a disposição de punir Genoino e os deputados do partido que engrossarem a articulação "light".

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