São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 1995
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Bordón promete reforma fiscal na Argentina

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O principal adversário do presidente Carlos Menem nas eleições de 14 de maio, José Octavio Bordón, disse ontem a empresários brasileiros que a criação de proteção ao poupador e uma reforma tributária são pontos principais do seu programa econômico.
"Nos próximos quatro anos, será meta do meu governo recuperar a confiança dos argentinos no sistema bancário", afirmou Bordón, candidato pela Frepaso (Frente País Solidário, de esquerda) e senador pelo Partido Pais (Política Aberta para Integração Social).
Segundo pesquisa do instituto Gallup divulgada ontem, Menem teria 46% das intenções de voto e ficaria com a vitória no primeiro turno. De acordo com a mesma pesquisa, Bordón tem 29% da preferência do eleitorado.
Bordón acusa Menem de adiar a reforma do sistema bancário e a implantação de um mecanismo de seguro privado aos depósitos por causa das eleições -os grandes bancos argentinos defendem esta postergação.
O ex-colega de Menem no Partido Justicialista (no poder) fez questão de mostrar a cerca de 20 empresários do Grupo Brasil, entidade de reúne 150 empresas brasileiras com atuação na Argentina, que tem uma equipe econômica própria.
"Tenho um quadro de 50 técnicos (econômicos) que estão trabalhando no programa de governo", afirmou durante café da manhã organizado pelo embaixador do Brasil em Buenos Aires, Marcos Azambuja.
Bordón se recusou a revelar quem seria o seu ministro da Economia, mas deixou implícito que seria um dos seguintes colaboradores: Ignacio Chojo Ortiz, Eugenio Diaz Bonilla, Carlos Ponce, Roberto Lavagna, Arnaldo Bocco, Enrique Martinez, Manuel Herrera e Orlando Braceli.
Se for disputar a eleição com Menem num eventual segundo turno em junho, Bordón anunciará o seu ministro da Economia.
A principal característica que une estes oito economistas é a dura crítica à política econômica conduzida pelo ministro da Economia, Domingo Cavallo, a partir de abril de 1991.
Todos concordam com Cavallo de que uma desvalorização do peso seria desastrosa para a Argentina, mas censuram o descuido do governo Menem com a produtividade das indústrias domésticas.
Manuel Herrera, ex-secretário da UIA (União Industrial Argentina), e Ignacio Ortiz, presidente do Conselho de Ciências Econômicas, atacam o fato de Cavallo ter apoiado a sustentação do programa de conversibilidade em capital externo de risco -sem aplicação no setor produtivo.
A exemplo de Cavallo, que trouxe praticamente toda a sua assessoria da Fundação Mediterrânea, de Córdoba, o candidato da Frepaso também tem uma entidade que o abastece de técnicos: a Fundação Andina, com sede em Buenos Aires.
Bordón citou várias vezes o amigo Fernando Henrique Cardoso. "Argentina e Brasil não são países pobres ou débeis, mas injustos na distribuição de renda. Fernando Henrique e eu nos preocupamos com essa desigualdade", afirmou.
Caso ganhe as eleições, Bordón disse que negociará com o governo brasileiro uma maior integração dos dois países na agricultura, setor de papel e celulose e turismo.
"Se trabalharmos juntos, podemos ser países fortemente exportadores de papel", comentou José Octavio Bordón.
Segundo ele, o seu programa econômico, que será divulgado na próxima semana, deverá prever linhas de financiamento estatais para estimular a competitividade da indústria argentina.
O senador lembrou que a Argentina tem apenas oito empresas que possuem o chamado "ISO 9000", certificado internacional de competitividade das indústrias.
O programa de governo de Bordón prevê linhas de crédito para que, até 1999, 200 empresas argentinas obtenham o certificado.

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