São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Boas relações valem ouro

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Já houve um tempo em que divisar a Montanha da Mesa, de 1.088 m e topo de aparência plana, valia um dobrão de ouro.
Hoje -passados quase 500 anos desde que o navegador português Vasco da Gama dobrou o cabo das Tormentas, em 1497, rumo às Índias-, reatar relações diplomáticas com a África do Sul do pós-apartheid é o que vale ouro.
E é por isso que o ministro das Relações Exteriores, embaixador Luiz Felipe Lampreia, irá àquele país na segunda semana de maio, precedendo viagem que o presidente Fernando Henrique Cardoso fará em seguida à Pretória.
A meio caminho entre o Oriente e o Ocidente, o país presidido pelo ex-preso político Nelson Mandela desde 1994 tem minerais estratégicos, ouro e diamantes.
Tem ainda capacidade industrial e uma economia bastante compatível com a brasileira, a ponto de existir até quem advogue que os dois países deveriam constituir um pólo de desenvolvimento no Atlântico Sul.
Esperanças e expectativas político-econômicas à parte, o país tende a se transformar num destino turístico dos mais importantes.
Com seus safáris fotográficos, vinhos excelentes, praias, arquitetura colonial e cidades modernas, o país que já foi considerado um pária do mundo tem tudo para se transformar num modelo.
Passada a fase aguda dos conflitos raciais de brancos contra negros e de negros contra negros de etnias diferentes, o país pode revelar seu lado colorido e transformar o que era negativo em positivo.

História
O português Bartolomeu Dias foi o primeiro. Chegou à região em 1488 e deu ao cabo que se ergue ao sul da Montanha da Mesa o nome de cabo das Tormentas.
Mas foi depois da viagem de Vasco da Gama que o cabo foi rebatizado de cabo da Boa Esperança e que os barcos que se destinavam ao Oriente passaram a fundear nesse porto natural.
O corsário britânico Francis Drake ancorou seu navio aos pés da Montanha da Mesa em 1579. Anotou então no seu diário de bordo que o cabo era o mais distante e distinto que já vira.
O holandês Jan van Riebeeck acabou fundando a Cidade do Cabo, em 1652, e os colonos chegaram em 1666.
Em seguida vieram os franceses huguenotes que escapavam da perseguição religiosa na Europa e aventureiros escoceses, escandinavos, poloneses e suíços, que acabaram formando a população bôer.
No século 19, quando os ingleses anexaram a região do Cabo, os bôers migraram para a região do Transvaal, a nordeste do país, e entraram em confronto com as tribos zulus. Foram derrotados pelos 50 mil nativos chefiados por Shaka, em 1838.

Texto Anterior: Nem só de safári vive turismo pós-apartheid
Próximo Texto: Pacotes têm diárias em hotel 'seis estrelas'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.