São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 1995
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Covas pede a secretários que "façam mais"

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), cobrou ontem mais agilidade e integração de todo o seu secretariado.
Para o governo, chegou a hora de mostrar o que está sendo feito através das medidas de austeridade e não só lamentar a situação de falência do Estado.
Covas reuniu-se por sete horas com 76 membros do primeiro escalão para balanço dos cem dias de governo. Covas completou ontem, na realidade, 103 dias na administração do Estado.
No Palácio dos Bandeirantes estavam secretários, presidentes de estatais, fundações e autarquias, além do líder do PSDB na Câmara dos Deputados, José Aníbal, e o líder do governo na Assembléia Legislativa, Walter Feldman.
No momento mais duro da reunião, o governador disse à sua equipe: "Desculpem o tom, mas é preciso fazer mais. É fundamental mostrar as medidas de austeridade. Não dá para ficar só dizendo o que foi encontrado e não falar sobre o que mudou".
O governo tenta evitar que se cristalize na opinião pública, através do discurso oposicionista, uma imagem de imobilismo.
Covas quer mais rapidez, por exemplo, na renegociação de contratos de terceirização (empresas que prestam serviços ao Estado), antes estimados em 2.804.
O governo apurou que na realidade são 3.036 contratos, que custam R$ 92 milhões por mês ao Estado. Até agora apenas 298, no valor de R$ 27 milhões, foram renegociados.
O governador cobrou mais agilidade nesse processo. Ele deu prazo até 31 de maio para a renegociação desses contratos de terceirização, sob pena de serem suspensos sumariamente.
O governador também apontou descompasso entre as secretarias. "Às vezes, uma secretaria se sobrepõe a outra ao se confrontar com certos problemas. É preciso que todo mundo atue na mesma direção", disse Covas.
Ontem mesmo, na reunião, ele decidiu que o vice-governador Geraldo Alckmin deverá ser informado por todos os secretários sobre os contatos de cada pasta para projetos em parceria com a iniciativa privada.
O governo constatou que, às vezes, secretários diferentes conversam com um mesmo representante da iniciativa privada na busca de recursos.
Covas voltou a afirmar que com dinheiro público nenhuma obra será feita pelo menos nos próximos dois anos: "Em menos tempo não terei posto o caixa em ordem." Disse que o governo precisa das parcerias para realizar metas de seu programa anunciado na campanha eleitoral.
Apesar de pedir mais agilidade a seus secretários, o governador tucano declarou que está "extremamente satisfeito" com o trabalho executado nesses primeiros três meses de sua gestão. "Até o momento foi feito o possível e o impossível. A eliminação de desperdícios foi enorme", disse ele.
O governo comemorou o aumento da arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo a Secretaria da Fazenda, foram arrecadados de janeiro a março R$ 3,9 bilhões. Houve crescimento de 9% na comparação com 1994, quando entraram R$ 3,5 bilhões nos cofres do Estado.
É esse dinheiro que, segundo Covas, permitiu o pagamento do funcionalismo até este mês.
Na questão financeira, a meta do governo para este ano é tentar equilibrar a balança entre receitas e despesas do caixa estadual e manter monitorada a dívida do Estado, hoje de R$ 52 bilhões.

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