São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 1995
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Parlamentares visitam 'depósito de corpos'

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Procuradoria Geral da República vai ser acionada, na próxima segunda-feira, para investigar a existência de um aterro clandestino em Mauá (Grande São Paulo), onde policiais civis e militares estariam depositando corpos de vítimas de perseguições.
O anúncio foi feito ontem, em Mauá, pelo senador Eduardo Matarazzo Suplicy (PT-SP), pela deputada federal Marta Suplicy PT-SP) e pela pesquisadora Sandra Carvalho, da Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos.
Eles visitaram o local para investigar denúncia feita pela Folha de que o aterro clandestino vinha sendo usado como suposto "cemitério" de vítimas de policiais.
"São gravíssimos os fatos, vamos acionar a Procuradoria e o Secretário de Segurança Pública de São Paulo", disse Marta Suplicy.
A Folha publicou com exclusividade depoimento do servente Ernesto da Silva, em que ele afirma ter visto no aterro, nos últimos dois anos, "cerca de 20 corpos".
O depoimento foi acompanhado pelo promotor Marcelo Milani, de Santo André. Com base na reportagem, o promotor Eder Segura, de Mauá, instaurou procedimento judicial para investigar o aterro.
Eder Segura também mandou instalar uma secretária eletrônica, no telefone (011) 416-3815, para receber denúncias sobre o aterro.
Na próxima segunda-feira, o servente Ernesto da Silva presta depoimento ao promotor Segura. Ernesto reconheceu um cadáver que encontrou no local como sendo o de Ricardo Ribeiro, 21 -visto pela última vez em 21 de abril, quando era preso por PMs de Santo André.
O próximo passo do promotor Éder Segura será a solicitação de uma perícia no aterro, para ver se ali há ainda corpos soterrados. O servente Ernesto da Silva diz que o corpo de Ricardo Ribeiro teria sido retirado do local por policiais, depois que ele acionou a PM pelo número 190. A Corregedoria da PM diz que investiga quatro policiais suspeitos de terem matado Ricardo.

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