São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995
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BB diz que vai renegociar dívidas caso a caso para não perder recursos

GILBERTO DIMENSTEIN; SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil está disposto a renegociar suas dívidas para não perder recursos. O presidente da instituição, Paulo César Ximenes, disse ontem à Folha que vai cobrar e executar os débitos, mas a prioridade é negociar caso a caso.
Ximenes disse que o banco vai apurar o vazamento da lista dos cem maiores devedores inadimplentes até dezembro de 94, publicada pela Folha na última quinta-feira.
"O BB não pode se permitir a publicação de uma relação como esta", afirmou.
Entre os cem caloteiros do banco (que deviam juntos R$ 6,31 bilhões até o fim de 94) 51 eram empresas do setor agrícola.
A diretoria do banco divulgou nota oficial, na quinta-feira passada, anunciando que uma auditoria interna iria apurar o responsável pela divulgação dos nomes.
A divulgação da lista fere o sigilo bancário. A lei pune os infratores com pena de um a quatro anos de prisão.

Juros
Paulo Ximenes admitiu que os juros estão altos e dificultam o cumprimento dos contratos. "Quem tentou se financiar com empréstimos vive uma situação desesperadora", reconheceu.
Em entrevista à Folha, Ximenes admitiu que o governo enfrentará o mesmo problema em 96, caso não seja equacionada a questão fiscal. "Os juros altos são o custo da política econômica adotada", disse.
Na sua opinião, o governo deve discutir uma forma de subsidiar os devedores do crédito rural. No entanto, ele disse que o banco vai lutar pela cobrança da TR (Taxa Referencial de juros) nos empréstimos já efetuados.
Os deputados da bancada ruralista (parlamentares ligados ao setor agrícola) defendem que a derrubada da TR dos contratos do setor seja retroativa aos financiamentos da safra 94/95.
Ximenes afirmou que o parecer jurídico do banco contesta a posição dos parlamentares. (GD e SE)

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