São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Seca traz à tona parte da 'história santa' de Canudos
EUGÊNIO NASCIMENTO
A cidade submergiu após a construção no rio Vaza-Barris do açude de Cocorobó, o segundo maior do país (com 250 milhões de m3 de água). É menor que o de Orós, no Ceará (300 milhões de m3). Devido à falta de chuvas, houve redução no volume de água do açude. Com isso, começaram a reaparecer árvores e partes de prédios, como a igreja que teria sido construída por Conselheiro no século passado. Também veio à tona parte de um quartel da Polícia Militar, montado na região para combater o grupo de Conselheiro. Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, liderou um movimento religioso no sertão da Bahia entre 1874 e 1897. Houve reação da igreja, fazendeiros e do governo, que tentou a retirada dos conselheiristas enviando quatro expedições de tropas federais. Em 1897, o grupo de Conselheiro foi exterminado pelas tropas federais no conflito que ficou conhecido como Guerra de Canudos. A aparição das ruínas vem atraindo desde março ao local fotógrafos, pesquisadores e moradores de cidades próximas. "Aqui, tivemos uma importante luta em defesa de um grande projeto de reforma agrária", afirmou o professor José Paulino da Silva, vice-reitor da Universidade Federal de Sergipe e um dos estudiosos a frequentar o local. As ruínas tendem a submergir novamente devido às chuvas que atingem a região. Pesquisadores do Projeto Canudos -que envolve principalmente a Universidade Estadual da Bahia e a Universidade Federal de Sergipe- criaram uma área de pesquisa nas proximidades do rio Vaza-Barris, onde já foram encontradas ossadas humanas e restos de balas. O jornalista EUGÊNIO NASCIMENTO viajou a convite da Universidade Federal de Sergipe Texto Anterior: Antecessor culpou falta de médico Próximo Texto: Místicos fazem primeiro congresso internacional Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |