São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995 |
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Aleluia! Menos ovo e mais galinhagem!
JOSÉ SIMÃO
E eu sei que não é hora para blasfêmias, mas o escritor romeno Céline disse que se Cristo em vez de morrer na cruz tivesse morrido num sofá a gente não estaria sofrendo até hoje. Tava livre do sentimento de culpa. E do preço do bacalhau. E dos filmes de vida de Cristo! Não há Cristo que aguente mais filme de Cristo. Nem Cristo. Aliás, diz que quando Cristo na cruz viu a equipe econômica, vulgo Turma da Mônica, ele disse "Pai, perdoai, eles não sabem o que fazem". Nunca souberam! Respondeu o pai. Rarará! Tá no ar mais uma calúnia do Macaco Simão! Trabalhando no feriadão. Se preguiça matasse eu já tava no chão! E tem uma amiga minha que só gosta de assistir filme de Cristo pra ficar olhando as pernas dos guardas. "Santa é semana, não eu". De santa basta a semana! E eu sou do tempo em que Cristo só aparecia de costas em filme mexicano de cinema do interior. Até que veio Nicholas Ray em "Rei dos Reis" que passou ontem e Cristo virou para as câmeras. E era louro, alto e olhos verdes. Só não era mauricinho como o Kevin Costner. E hoje em dia já tem Cristo pra tudo quanto é gosto: romântico, revolucionário, homoerótico, realista, sexy. Aliás, Cristo muda de canal, mas o texto é sempre o mesmo! Páscoa 95! Menos ovo e mais galinhagem. Chega de ovo! Tô com over de ovo! O povo enlouqueceu. Não sobrou nem ovo quebrado. O Pão de Açúcar parecia Sarajevo após um bombardeio. Turba alucinada rapa até os ovos. E hoje só amanhã. Vai indo que eu não vou. Eu acelero mas não sou máquina! Texto Anterior: Mercado dos EUA produz cultura X Próximo Texto: Profetizo que Ciro será presidente em 98 Índice |
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