São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995
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Mandela volta a demitir Winnie

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da África do Sul, Nelson Mandela, demitiu pela segunda vez sua mulher, Winnie, do vice-ministério das Artes, Cultura, Ciências e Tecnologia.
"Depois de muito refletir e usando os poderes a mim outorgados pela Constituição, decidi desligá-la de suas funções de vice-ministra, anunciou o presidente sul-africano.
Mesmo sem terem se divorciado oficialmente, Winnie e Nelson Mandela estão separados desde 1992. Mandela nomeou a mulher para o ministério por causa da posição política que ela ocupa no partido dos dois, o CNA (Congresso Nacional Africano).
Winnie foi desligada do governo pela primeira vez em 27 de março e reintegrada na última quarta-feira, depois de entrar com recurso na Justiça, alegando inconstitucionalidade da demissão.
Para demitir Winnie, ele havia deixado de consultar o líder do Inkatha-Partido da Liberdade, Mangosuthu Buthelezi, um dos integrantes do governo.
Pela Constituição sul-africana, o presidente tem de consultar todos os integrantes do governo para modificar o ministério.
Após ter sido demitida, Winnie não concordou com a atitude do marido e entrou na Justiça para anular o desligamento do cargo de vice-ministra.
O presidente Mandela voltou atrás e Winnie foi reintegrada na última quarta-feira, para voltar a demiti-la ontem.
Informada sobre a nova exoneração, Winnie não se pronunciou. As razões sobre o desligamento de Winnie do governo são controversas.
Funcionários do governo afirmam que ela foi punida pois vinha disparando duras críticas à administração de Mandela e por ter viajado a África Oriental, desrespeitando uma ordem do presidente.
Obrigado a se explicar publicamente sobre os acontecimentos envolvendo a mulher, o presidente declarou que a exoneração era uma medida política e foi tomada para manter "a boa gestão governamental de seu país".
O Congresso Nacional Africano (CNA), do qual Winnie é um dos dirigentes que teve maior votação, declarou apoio ao presidente.
"Qualquer que seja o prestígio, popularidade ou passado, ninguém tem o direito de transgredir a disciplina mais elementar, disse o CNA, aprovando a decisão de Mandela. Mesmo assim, o presidente saiu desgastado.

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