São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995
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Japão lança contra seita a maior ação de sua polícia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Japão lançou a maior operação policial de sua história ontem contra a seita Aum Shinrikyo (Ensinamento da Verdade), que anunciou para hoje um desastre pior do que o terremoto que deixou mais de 5.500 mortos em janeiro.
Pelo menos 100 mil policiais participaram de buscas em 130 prédios da seita em vários pontos do país. Isso representa mais de um terço de todas as forças de segurança japonesas.
A Aum Shinrikyo é acusada pelo atentado com gás no metrô de Tóquio, em 20 de março, que matou 11 pessoas e deixou pelo menos 5.000 intoxicadas.
Anteontem, um porta-voz do grupo disse numa entrevista à TV que o líder da seita, Shoko Asahara (que está foragido), previa para hoje uma tragédia "que fará o terremoto de Kobe parecer tão pequeno como uma mosca pousando no rosto de uma pessoa.
A operação policial de ontem praticamente paralisou o trânsito em Tóquio, com dezenas de postos de controle para verificação de documentos. Milhares de agentes reforçaram a segurança nas estações ferroviárias e do metrô.
Refletindo a tensão, dois grandes shopping centers de Tóquio anunciaram que não abririam hoje.
O comando das tropas dos EUA estacionadas no Japão exortou os norte-americanos que estão no país a tomarem cuidado ao sair durante o fim-de-semana.
Fumihiro Joyu, um dos porta-vozes da seita, disse numa entrevista à TV que Asahara se baseou em estudos astrológicos para prever o desastre que aconteceria hoje. A Aum Shinrikyo acredita que o mundo vai acabar em 1997.
Joyu voltou a negar que a seita estivesse envolvida no atentado no metrô de Tóquio e disse que o grupo não provocaria nenhum incidente hoje. "Por favor, fiquem assegurados de que a Aum Shinrikyo não vai fazer nada, afirmou.
Sobre a prisão de 107 integrantes da seita anunciada pelas autoridades desde 20 de março, Joyu declarou que o Japão parece estar vivendo sob "um Estado policial.
Nas semanas que se seguiram ao atentado no metrô, a polícia apreendeu em templos da Aum Shinrikyo toneladas de produtos químicos tóxicos, grandes quantias em dinheiro e barras de ouro, armas e um helicóptero.
Também foram encontrados traços do gás sarin, usado no ataque ao metrô, fragmentos de ossos humanos carbonizados e 50 pessoas em estado de coma, a maioria sofrendo de subnutrição e algumas sob o efeito de drogas.
Na operação de ontem contra a sede da seita no sopé do monte Fuji, 100 km a oeste de Tóquio, os policiais encontraram 53 crianças de 3 a 14 anos de idade.
Oito delas estavam subnutridas e muitas usavam na cabeça o equipamento eletrônico que seria usado pela seita para fazer "lavagem cerebral em seus seguidores.

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