São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995
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Fim do diploma; Informação sobre Mercosul; Canhedo e Covas; Comunicação de FHC; Maturidade de Dimenstein; Evangélicos e favores; Setor petroquímico

Fim do diploma
"Causou-me absoluta surpresa uma das manchetes da Primeira Página da edição de 12/04 deste prestigioso jornal, segundo a qual 'Ministro defende fim de diplomas'. O texto da matéria confunde a opinião pública, especialmente os milhares de estudantes universitários, atentos às propostas de mudanças na política universitária que o Ministério da Educação vem procurando implementar. Em nenhum momento defendo ou defendi alterações na regulamentação profissional no Brasil, que signifiquem a descaracterização do diploma como documento habilitador para o exercício profissional. A matéria estava baseada em minhas intervenções perante a Comissão de Educação da Câmara de Deputados, no dia 11 do corrente, convocado que fui para expor a proposta de trabalho deste ministério para os próximos quatro anos. Ao debater a questão da enorme heterogeneidade da qualidade da educação superior no Brasil, expus as dificuldades de controlar a uma parcela do sistema que, infelizmente, não exibe níveis mínimos aceitáveis de ensino, caracterizando-se como um simples comércio de diplomas. Associei essas dificuldades às características cartorialistas e credencialistas da sociedade brasileira e mencionei a situação diversa de outros países, onde o diploma em si não garante o direito ao exercício profissional. Mencionei então aos senhores deputados as opções que se nos apresentam neste momento para superar essas dificuldades: ou decidimos que os diplomas não habilitam ao exercício profissional, ou somos obrigados a exercer um controle mais rígido sobre a qualidade do ensino, impedindo que uma parcela significativa da população seja simplesmente explorada por escolas inescrupulosas. A proposta do ministério, incluída na medida provisória que trata do Conselho Nacional de Educação, aponta claramente para esta última alternativa como a mais recomendável na sociedade brasileira."
Paulo Renato Souza, ministro da Educação e do Desporto (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Alexandre Secco - A reportagem reproduziu fielmente as palavras do ministro. A seguir, um trecho de sua fala, extraído das notas taquigráficas do Congresso: "...Eu sou a favor da tese do senador Darcy Ribeiro. Sou a favor do fim do diploma, de liberar tudo. De não precisar de diploma para exercer as profissões. Mas quem vai enfrentar a sociedade? Os senhores têm a coragem para enfrentar a sociedade?..."

Informação sobre Mercosul
"Na edição de 1/04, a Folha publica, no Painel do Leitor, carta em que o sr. Marcelo Andrade de Oliveira afirma ter experimentado dificuldades para obter, de divisão deste ministério, informações sobre o Mercosul. Foi possível confirmar junto ao leitor que o não recebimento de suas mensagens deveu-se à transmissão destas para números de fac-símiles equivocados. Constatado o engano e estabelecido contato direto com o interessado, foram, como costumeiro nesta Casa, de imediato transmitidas as informações disponíveis e encaminhadas as demais providências pertinentes."
Luiz Felipe Lampreia, ministro de Estado das Relações Exteriores (Brasília, DF)

Canhedo e Covas
"A respeito da carta publicada em 13/04, do sr. Carlos Brickmann, sobre a prisão do sr. Canhedo, gostaria de expressar minha indignação. A comparação efetuada entre o dono da Vasp e o governador Covas é hipócrita. Será que o sr. Brickmann, que trabalhou por três anos na Vasp, não sabe que as dívidas contraídas pelo sr. Canhedo são um dos componentes do preço que o fez virar proprietário de uma megaempresa? Será que esse famoso jornalista, ao assessorar por tanto tempo o prefeito Maluf, não aprendeu nada da natureza da administração pública, para saber que o governador Covas assumiu dívidas que em nada o beneficiaram?"
Luis Grottero (São Paulo, SP)

Comunicação de FHC
"Não foram os discursos de FHC nos comícios de sua campanha para presidente que o elegeram, mas sim o êxito do Plano Real vencendo a inflação. Depois de empossado, o governo tem falhado redondamente na sua comunicação com o público e quem pagou o pato foi o ministro Roberto Muylaert, malgrado as provas de excelente comunicador que demonstrara na direção da TV Cultura de São Paulo. A falha maior está nas manifestações do presidente e na incompetência dos líderes no Congresso que não sabem comunicar-se com a opinião pública e com seus representantes na Câmara e no Senado para fazê-los vibrar de entusiasmo com o projeto das reformas, que não se esgotam com o Plano Real. Urge que FHC mude a sua linguagem, evite as estocadas, à direita e à esquerda, que o têm incompatibilizado com a opinião pública e os políticos que a representam no Congresso."
João Dória (São Paulo, SP)

Maturidade de Dimenstein
"E agora, Dimenstein? ACM mudou os qualificativos a seu respeito, de impublicáveis para 'jornalista insuspeito', por causa do 'Cadeia neles, presidente', artigo que você mesmo justificou como demonstração de independência e evolução decorrente da maturidade. Deve ser. Diz-se que 'o Diabo não é esperto por ser diabo, mas por ser velho'. Eu, que já cheguei aos 60, tenho a obrigação de ser mais diabo que você, mas não tanto quanto ACM, o grau máximo da 'diabeza'. Esse não deve ter mais nada a aprender ou mudar..."
Luiz Carlos Correa Soares (Curitiba, PR)

"Gilberto Dimenstein tem-se mostrado empenhado em assustar o leitor acostumado ao seu peculiar arrojo investigativo de outras épocas, quando escrevia sobre crianças abandonadas e prostituídas. Numa visão ingênua e aparentemente despretensiosa, condena a violência contra FHC, que insinua ser pessoal e gratuita, e não demonstra nenhuma curiosidade em descobrir a dimensão simbólica desses lamentáveis incidentes. Como se tal negligência fosse pouca, arroga-se a dizer -a quem o acusa de governista, reacionário e imaturo- que seu posicionamento tem a ver com o fato de estar envelhecendo."
Luiz Carlos Iasbeck (São Paulo, SP)

Evangélicos e favores
"Em relação à 'bancada evangélica' que visitou o presidente FHC, deve ser dito que a representação desses senhores não se dá a nível nacional, o máximo que eles representam são os seus interesses particulares ou da sua instituição e nunca de todos os evangélicos do Brasil. Os verdadeiros evangélicos são pautados pela ética cristã e não da troca de favores particulares por votos no Congresso. Particularmente pode vir a tributação sobre as igrejas que cumpriremos aquilo que deve ser cumprido. 'Quem não deve não teme'."
José Miguel Mendoza Aguillera, pastor batista (Jaboticabal, SP)

Setor petroquímico
"A respeito da matéria 'Serra anuncia venda de 17 estatais em 95' (Folha, 6/04), os três últimos governos, insistentemente, e com visível malícia, vêm passando para a opinião pública a imagem de que o setor petroquímico é estatal. Não é verdade. O setor era, até bem pouco tempo atrás, majoritariamente privado. Agora, o ministro do Planejamento, José Serra, diz, em Jerusalém, que o Estado inibe o crescimento econômico e que a privatização dos serviços públicos é, como a própria palavra diz, um incentivo para que o setor privado tenha participação em determinados segmentos da economia, através de parcerias com o setor público, visando a melhoria da qualidade desses serviços. A petroquímica não é serviço público mas nem por isso deixa de ser essencial para o desenvolvimento econômico, tendo se desenvolvido, no Brasil, com uma forte presença do Estado e, conjuntamente, através dessas mesmas parcerias com o setor privado (nacional e estrangeiro) que tanto o ministro quer estimular."
Hildebrando Gonsales, vice-diretor de Comunicações da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Rio de Janeiro, RJ)

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