São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 1995
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'Não há como prevenir chacinas', diz secretário

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário estadual de Segurança Pública, José Afonso da Silva, acredita que só a identificação e a punição dos autores dos crimes podem inibir novas chacinas.
Afonso da Silva disse ontem, após tomar conhecimento dos detalhes das duas chacinas, que vai "exigir um esforço sobre-humano" dos órgãos especializados para que os crimes sejam apurados.
Segundo o secretário, "não há como prevenir uma chacina, que ocorre geralmente em bares ou salões de bailes". Afonso da Silva argumentou que a maior dificuldade para solucionar os crimes é a "falta de testemunhos".
Nestas duas últimas chacinas, a Secretaria de Segurança Pública trabalha duas hipóteses: vingança ou assassinatos motivados por brigas entre traficantes. Nenhum dos mortos, segundo o secretário, tinha antecedentes criminais.
"Mesmo que tenha sido briga entre traficantes, não vai ser feito nada?", pergunta Sandra Carvalho, coordenadora-executiva da Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos -uma ONG (organização não-governamental que faz pesquisas sobre violência).
Para Carvalho, brigas entre traficantes têm que ser levadas em conta, mas "atribuir-se só ao tráfico o problema das chacinas, sem uma investigação rigorosa, é precipitado".
Na opinião do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), a chacina "leva um risco institucional para toda a comunidade, que só começa a perceber esse risco quando os vitimados são seus próprios familiares".
Além da apuração dos fatos e da punição dos criminosos, o senador acredita que é preciso ser feita uma "mobilização de consciência" envolvendo os movimentos populares, igrejas e sociedade civil pelo desarmamento da população.
Para o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, "a polícia precisa ser mais bem-paga e bem-escolhida para investigar as chacinas".

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