São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 1995
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Jovens do Família Roitman tocam pérolas da MPB em disco de estréia

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Samba é coisa de adolescente branco, pelo menos para a Família Roitman, um grupo de jovens cariocas de classe média alta, formado por André Weller (piano), 23, Felipe Decourt (bateria e pandeiro), 23, Felipe Trotta (violão), 23, e Léo Tomassini (voz), 24.
Com exceção de Decourt, todos se conheceram quando estudavam no Ceat -colégio frequentado por filhos de intelectuais e artistas.
Inspirada em Odete Roitman, a vilã da novela "Vale Tudo" vivida por Beatriz Segall em 1989, o grupo começou há seis anos, tocando jingles de TV, bossa nova e jovem guarda.
Logo passaram para o samba. O repertório é nota dez. Reúne 15 pérolas que valem o disco. A maioria das músicas foi feita quando nem seus pais haviam nascido, mas que eles ouviam desde cedo.
São sambas de Lamartine Babo ("Voltei a Cantar", de 31), Noel Rosa ("Quem Dá Mais", de 30), Assis Valente ("Recenseamento", de 40), Ismael Silva ("Se Você Jurar", de 31) e outros.
Há também a primeira música de Caetano Veloso, "Clever Boy Samba", que nunca fora gravada.
Paulinho da Viola aparece três vezes. Com a composição "Comprimido", citado em "A Voz do Morto", e tocando cavaquinho em "Se Você Jurar". "Eu conhecia o grupo de nome, minhas filhas falavam muito deles", conta Paulinho.
As letras são divertidíssimas. Como em "Sou Vou de Mulher" (Luis Reis e Haroldo Barbosa). "Eu admiro uma uma parada, um desfile militar, forças armadas coloridas e os tambores a rufar. Mas se quiser estragar meu feriado é só me carregar para ver soldado. Ai, meu capitão. Bota mulher na parada e me chama pra empurrar canhão".
O vocal é do tipo ame ou odeie - um tanto nasalado. O jeito de cantar é antigo, impostado. Mas o som é alegre e o instrumental é competente -baixo acústico, piano e instrumentos de sopro como o clarone dão um ar refinado.
Um produto para exportação. Em setembro o álbum sai na Europa, Japão e EUA.

Artista: Família Roitman
Disco: O Samba Nas Regras da Arte
Gravadora: Warner
Quanto: R$ 18 (o CD, em média)

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