São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 1995
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Guarda desarmada; Lucena e os outros; Desaparecidos políticos; Pró-Fujimori; Debate religioso; Previsão do filósofo; Advocacia da União; IPMF e goiabada; Educação democrática

Guarda desarmada
"Janio de Freitas me elogia por ter desarmado os guardas da empresa de segurança contratada pelo meu ministério. Otavio Frias Filho me elogia, mas discorda: 'Quem deveria seguir Gandhi são os que estão do lado de fora, não os de dentro'. Um terceiro me cobra: por que recebeu os invasores? Não sou Gandhi, embora o admire. Não desarmei os guardas por acreditar na resistência passiva. Desarmei-os porque os manifestantes, por mais retrógrados que sejam, não ameaçam a vida de ninguém. Meus guardinhas mal treinados poderiam fazê-lo. Por outro lado, não acredito em governantes fracos, mas temo igualmente os autoritários. Quando soube que os invasores queriam falar comigo, enviei um fax para seu representante dizendo que os receberia, caso, dentro de uma hora, saíssem do prédio. Se não saíssem, a polícia deveria expulsá-los. Saíram, e duas horas depois os recebi para uma conversa civilizada. Poderiam ter conseguido o mesmo resultado sem violência. O importante é que não lograram qualquer concessão. Apenas se desmoralizaram um pouco mais."
Luiz Carlos Bresser Pereira, ministro da Administração e Reforma do Estado (São Paulo, SP)

Lucena e os outros
"Li, com total repugnância, o artigo 'Anistia não é perdão', escrito pelo ex-presidente do Congresso, sr. Humberto Lucena. Como pode um senador, um homem público, um homem que devia zelar pela moral e pelo país, ter um comportamento desses? Explicitamente, ele reconheceu ter cometido um delito, e que o Congresso Nacional 'pôs uma pedra em cima do assunto' ao lhe conceder a anistia; não só ele, mas também outros políticos cometeram tal delito e ele, como cúmplice, não permitiu que se divulgasse o nome dessas pessoas. Quem comete um delito, é criminoso, portanto tem que ser punido."
José Moreira (São Paulo, SP)

Desaparecidos políticos
"Se realmente o que houve foi um equívoco durante a conversa de Pierre Sané, secretário-geral da Anistia Internacional, com o presidente Fernando Henrique Cardoso, quando o primeiro entendeu que o segundo não tinha interesse na questão dos desaparecidos políticos, não seria o caso, então, do sr. Fernando Henrique Cardoso fazer, imediatamente, uma reunião com os familiares dos mortos e desaparecidos políticos para dizer como pensa em tratar a questão? Nós, familiares, já fizemos o pedido de audiência desde os primeiros dias de seu governo e pacientemente aguardamos a resposta."
Maria Amélia de Almeida Teles, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos (São Paulo, SP)

Pró-Fujimori
"Há uma enorme dificuldade do governo FHC fazer as reformas indispensáveis à manutenção do real e, por consequência, viabilizar o país. Grande parte dos políticos que endossou o Plano Real virou de lado nas votações, até aqui. Prometem e não cumprem com os entendimentos prévios. Será que o Fujimori não está com a receita adequada? Com todo o respeito à democracia, o recomendável no momento seria fechar o Congresso, proceder as alterações necessárias e abri-lo em seguida. Que tal?"
Arlindo Cordenunzzi (São Paulo, SP)

Debate religioso
"Quero parabenizar a Folha pela iniciativa do debate inter-religioso sobre Jesus realizado no auditório do jornal em 11/04. Na semana em que são comemoradas a Páscoa cristã e a Páscoa religiosa, o excelente nível dos debatedores deixou clara a posição de cada um. Parabéns principalmente ao rabino Henry Sobel que, com tranquilidade, humildade e sabedoria, respondeu em paz às perguntas até mesmo agressivas de alguns assistentes (da platéia)."
Délia Guelman (São Paulo, SP)

Previsão do filósofo
"Vejo no CD-Folha que dia 10/4 completou aniversário o polêmico artigo em que José Arthur Giannotti concluía que, com FHC na Presidência, 'a guinada provavelmente será (seria) para a esquerda, pois somente assim poderá (poderia) manter-se coerente com seu próprio programa social-democrata'. Terá o ilustre filósofo escorregado na lógica? O que se vê agora, e já era previsível há um ano, é um governo vacilante em suas convicções sociais e que se deixou sitiar pelas mesmas forças conservadoras que escolheu como parceiras."
José Augusto Vasconcellos Neto (Campinas, SP)

Advocacia da União
"A reportagem da Sucursal da Folha em Brasília cometeu vários equívocos na matéria publicada no último dia 07/04 intitulada 'Congresso aprova MP sobre advocacia-geral'. Solicitamos prestar os seguintes esclarecimentos, a bem da verdade: ao contrário do que foi noticiado, a medida provisória 941 não foi reeditada 25 vezes, e sim 21 vezes. A reportagem cometeu um grave equívoco ao afirmar que a MP 'permitiu que cerca de mil assistentes jurídicos da administração federal fossem aproveitados nas carreiras de advocacia-geral da Fazenda Nacional, sem concurso público'. Esclarecemos que, primeiramente, não existem mais carrreiras. Na verdade, a lei complementar 73/93 criou três carreiras voltadas às atividades-fim da AGU: advogado da União, procurador da Fazenda Nacional e assistente jurídico. Para a primeira (de advogado da União), foram criados 600 cargos efetivos, a serem preenchidos mediante concurso público de provas e títulos (já em andamento), e para as duas outras, o artigo 19 da MP 941/95 prevê a transposição dos cargos de procurador da Fazenda Nacional e de assistente jurídico, com as cautelas ali indicadas."
Ernesto Magalhães, da Assessoria de Imprensa da Advocacia-Geral da União (Brasília, DF)

IPMF e goiabada
"Quem não se lembra do IPMF, autoritariamente cobrado pelo governo, e que iria ser revertido em benefício do povo através do FSE (Fundo Social de Emergência)? Esse dinheiro que deveria ser gasto com o 'povo' foi gasto com goiabada, passagens e outras despesas; alguém ainda tem dúvida de que neste país tudo termine em goiabada, marmelada e palhaçada?"
Renato Angelo Basso (Tietê, SP)

Educação democrática
"Obrigada, Luiz Caversan, por denunciar o cinismo e a impunidade reinantes neste país! E o cínico é um ministro, que fica impune porque nos falta a tal da 'educação democrática' de que nos fala seu colega Gilberto Dimenstein (vide 'Burundi não é aqui'). Assim como o governo reage pacificamente ao tumulto de Recife, deixando muito admirado o seu mencionado colega, também o mesmo governo é pacífico (omisso, diria eu) frente a atitudes como essas, de um participante do primeiro escalão. Penso que a tal da 'educação democrática' deveria começar por quem deve dar o exemplo. Não é assim que deve ocorrer no núcleo familiar?"
Sueli Alves da Costa (Santos, SP)

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