São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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País discute redução das vendas de café

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil continua indefinido em relação a sua participação no novo acordo de retenção das exportações de café.
O acordo foi aprovado em Londres em março na reunião da APPC (Associação dos Países Produtores de Café).
Pelo acordo, cada país deve optar por um esquema de retenção que limite suas exportações.
O objetivo é puxar para cima os preços internacionais do café.
Para o CNC (Conselho Nacional do Café), que representa os agricultores, a retenção deve ser feita mensalmente através da armazenagem de 20% do volume embarcado no mês anterior.
Até que o preço médio no mercado externo alcance US$ 1,90 por libra-peso (cada libra equivale a 453,6 gramas), conforme determina o acordo da APPC.
"As cooperativas poderiam estocar 500 mil sacas", diz Manoel Bertone, vice-presidente do CNC.
Caso esse esquema fosse adotado, o Brasil reteria em maio cerca de 200 mil sacas, 20% do 1 milhão de sacas estimado para as exportações de abril.
Os exportadores, entretanto, querem a volta do sistema de cotas, que limitaria as exportações em 95 a 80% do volume de 94.
Nesse sistema, estima-se o total de exportações para o ano e distribui-se parcelas dessas vendas entre as empresas.
A opção pelas cotas praticamente não alteraria as exportações.
Como a safra deste ano diminuiu por causa das geadas e da seca ocorridas em 94, o volume exportado está caindo naturalmente.
"Se for adotado o esquema proposto pelos produtores, a escassez de café no mercado tende a aumentar, prejudicando as exportações", afirma Jair Coser, presidente da Febec (Federação Brasileira dos Exportadores de Café).
Eduardo Carvalhaes Júnior, corretor do Escritório Carvalhaes, acredita que o acordo de retenção aprovado em Londres não interessa ao Brasil.
"Ao contrário da Colômbia, onde o café colhido é vendido imediatamente, no Brasil os agricultores fazem uma retenção voluntária, vendendo aos poucos seu produto", diz Carvalhaes Júnior.
Segundo ele, uma retenção obrigatória, ao provocar uma alta acentuada nas cotações, pode trazer de volta o fantasma da superprodução e, consequentemente, a derrubada dos preços.

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