São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Índios põem fogo em casa de um fazendeiro; Funai se diz impotente

DA AGÊNCIA FOLHA EM SÃO LUÍS E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal de Imperatriz (624 km de São Luís-MA) abriu inquérito ontem para apurar o incêndio provocado pelos índios krikati na fazenda de Ildo Pinheiro de Freitas, em Montes Altos (694 km de São Luís).
Freitas possui terras dentro da área de 142 mil hectares reservada para a aldeia krikati, cuja demarcação foi interrompida em dezembro.
O fazendeiro conseguiu fugir com a mulher e os seis filhos, mas teve a casa e parte das plantações de milho e arroz destruídas pelos índios na tarde de anteontem.
"Os índios pressionam pela demarcação e ninguém do governo federal se pronuncia", afirmou ontem o administrador da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Imperatriz, Paulo Stédile.
"O negócio em Montes Altos está ficando feio", afirmou o administrador. Segundo ele, o incêndio foi premeditado.
No último dia 4, um grupo de krikatis matou duas porcas de Freitas, arrancou o seu revólver da cintura e ameaçou o fazendeiro de colocar fogo na casa, caso ele não abandonasse o local em dez dias.
Ontem, em represália ao incêndio, o líder krikati João Piauí foi mantido como refém na agência do Banco do Brasil por um grupo de moradores de Montes Altos.
Ele foi liberado e reconduzido à aldeia após a intervenção do delegado Vicente Ramos e do coronel Silva Jr., chefe de gabinete da prefeita Mirilandes Jales (PTRB).
Silva Jr. afirmou que os atos de violência dos krikati são incentivados pelo chefe do posto da Funai na aldeia, Carlos Chiavegatto.
"O objetivo da Funai é levar os agricultores ao desespero e fazer com que se mate pelo menos um índio para chamar a atenção do estrangeiro", disse.
Funai
O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Dinarte Madeiro, afirmou ontem que o processo de demarcação da área indígena KriKati, localizada no Maranhão, foi interrompido por "problemas políticos regionais".
Dinarte disse que já outras quatro áreas na mesma situação: as demarcações foram autorizadas pelo governo, os recursos estão assegurados e os contratos com as empresas executoras assinados, mas "pressões políticas regionais" suspenderam o processo.

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