São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995 |
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Professora é apoiada por discutir com Covas
ROBERTO CARDINALLI
Segundo Delza, foram professores, amigos e pais de alunos de todo o Estado cumprimentando-a pela sua atitude de interpelar o governador Mário Covas. Delza é casada e tem uma filha universitária. É formada em pedagogia pela Faculdade de Filosofia e Ciência e Letras de Rio Claro. Está aposentada como supervisora. Nos últimos cinco anos, voltou a trabalhar como professora de história. Leia trechos da entrevista. Folha - Quanto a senhora ganha por mês? Delza - R$ 154,00 por 121 horas-aulas mensais. Isso que eu queria mostrar para o Covas. Folha - A senhora disse ontem que era aposentada. Delza - Sou aposentada como supervisora de ensino desde 89. Recebo R$ 804,00. Mas voltei a dar aulas há cinco anos. Folha - A senhora tem outras fontes de renda? Delza - A gente faz outras coisas, como dar aulas na escola particular. Mas meu compromisso é com a escola pública. Acho que a escola pública tem que ter qualidade porque recebe toda e qualquer classe social. Folha - Qual a renda mensal da família? Delza - Cerca de R$ 2.000,00. Folha - Quanto tempo a senhora se dedica ao trabalho? Delza - Dez horas por dia. Folha - O que a senhora acha do governador não atender as reivindicações? Delza - Acho que o Covas tem uma trajetória de muita seriedade. O que o distingue profundamente dos que o antecederam. O Covas, eu respeito. E aí eu me emociono de me ver pela primeira vez adversária dele. Tinha absoluta certeza de que ele priorizaria a saúde e a educação. E, de repente, ele não está priorizando. Folha - O que a senhora quer dizer quando fala que é a primeira vez que seria sua adversária? Delza - Eu sempre trabalhei ao lado do Covas. Fui militante e filiada ao PSDB de Brasília. Folha - Qual foi o motivo de sua saída do partido? Delza - Deixei o partido quando começaram as indecisões e o PSDB começou a ficar vacilante. Folha - Quando exatamente a senhora deixou o partido? Delza - Logo depois das eleições presidenciais de 89, quando o Covas subiu, no segundo turno, no palanque do Lula. O partido mostrou indecisão e muitas pessoas do partido foram contra. Nós lutamos muito para evitar uma adesão ao então candidato Fernando Collor de Melo. Folha - A senhora apoiou Covas para governador? Delza - Não. Votei no PT no 1º turno e no Covas no 2º. Folha - Quando a senhora se aproximou de Covas? Delza - Quando íamos às reuniões do antigo PMDB. E acompanhamos o Covas na saída para o PSDB. Folha - O governador, então, a conhece pessoalmente? Delza - Sim. Talvez por isso o encontro foi tão nervoso. Folha - A senhora foi para a manifestação de anteontem preparada para abordar o governador? Delza - Eu participo muito das manifestações de escola pública. Foi doloroso por ser o Covas. Folha - A senhora acredita nos argumentos do governador de que o Estado não tem recursos? Delza - Tenho certeza que não tem. Tenho certeza que ele encontrou o Estado em um caos. Também sei que o ICMS cresceu. Acredito que recursos ele teria. Desde que a prioridade dele fosse outra. Texto Anterior: Assembléia fica vazia e professores mantêm greve Próximo Texto: Rio deverá ficar sem água durante 42 horas Índice |
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