São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Um cara legal

THALES DE MENEZES

Jim Courier está de volta. Não que o ruivão estivesse afastado das quadras. No entanto, o Courier da temporada 94 parecia um dublê do grande tenista que havia liderado o ranking nos anos anteriores.
O Courier 95 faturou no domingo o Aberto de Tóquio, sua terceira conquista na temporada -antes venceu em Adelaide e Scottsdale. Nada mal para quem passou o ano passado em jejum de títulos.
No Japão, Courier voltou a derrotar tenistas classificados entre os dez primeiros do ranking. Passou por Michael Chang (nº 8) nas semifinais e por Andre Agassi (o nº 1) na final, sem perder sets nas duas partidas. Sua última vitória sobre um "top 10" tinha sido nas semifinais de Roland Garros, em maio do ano passado, quando eliminou o amigo Pete Sampras.
Atualmente o 12º do ranking, Courier está embalado pela boa fase e faz planos de voltar ao topo. Se conseguir, o posto será ocupado por um Courier bem diferente daquele que esteve lá em 91 e 92.
No início da década, Courier despontou no esporte carregando com ele a imagem de tenista "mauricinho" e totalmente desprovido de carisma. Assim, não conseguiu em seus contratos de publicidade as cifras astronômicas arrematadas por Agassi e Becker.
Bem que a Nike tentou melhorar a imagem do cara, produzindo anúncio de TV com um Courier brincalhão e fã de rock. Aí veio a derrocada no ranking e seus patrocinadores o deixaram em paz.
Quando pude conversar com Courier no ano passado, na França, a imagem de "certinho" e "chato" desmoronou em minutos. Já em má fase, ele estava alegre, despreocupado e, em suas próprias palavras, "aprendendo a viver".
"É duro descobrir aos 23 anos que passei metade da vida na quadra", dizia. "O sacrifício só terá valido a pena se puder me divertir. Ganhei mais dinheiro do que toda a minha família neste século. É absurdo alguém tão jovem ter tanto dinheiro, mas, já que não posso mudar isso, vou aproveitar."
Boa parte da conversa foi dedicada ao melhor amigo. "Espero que Pete (Sampras) não tenha os problemas que tive quando estava no topo. Muita gente me pergunta agora, nessa má fase, se penso em parar. Nada disso! Agora eu estou me divertindo. Ficar lá em cima, recebendo pressão de todo lado, isso sim faz você pensar em largar tudo. Pensei nisso uma dúzia de vezes, de verdade", desabafou.
Agora ele quer voltar ao topo. Tem todas as chances, já que joga muito. E é até um cara legal.

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